O Esta semana vou estar de olho… é da autoria de Luís Marinho, gestor de produto na Fidelidade.
Com a earning season, os bancos centrais e leituras de inflação no espelho retrovisor, esta semana vou estar de olho nos desenvolvimentos do conflito do médio oriente. Uma potencial escalada regional do conflito do médio oriente poderá impactar negativamente o crescimento e inflação da economia europeia, nomeadamente através de preços de energia mais caros.
Se por um lado as trocas comerciais entre a Europa e a zona de conflito não são representativas, por outro, o risco de uma escalada de tensões a outros países vizinhos ou blocos económicos com maior relevância poderão trazer problemas às economias ocidentais. Num ambiente de taxas de juro elevadas e uma política monetária ainda restritiva para fazer face a uma inflação acima do target, já se começam a sentir alguns focos de abrandamento económico. Um eventual aumento dos custos de energia teria impactos óbvios ao nível da inflação, o que necessariamente se traduziria em condições monetárias restritivas por mais tempo com impacto inevitável no sentimento e crescimento da economia.
Embora não haja um padrão claro entre panorama económico global e episódios anteriores do conflito israelo-palestiniano o facto é, que desta vez a intensidade de ataques de parte a parte escalou para um nível que torna evidente a polarização à volta do conflito, com países e organizações a tomarem partidos e posições extremadas. Esta polarização põem à prova relações geopolíticas que já não se encontravam nas melhores condições, com uma deterioração nos últimos anos.
No seu último boletim trimestral, o Banco Mundial adverte que o preço do barril de petróleo pode ultrapassar os 150 dólares caso assistamos a uma escalada do conflito. Pese embora não seja, para já, o cenário central, já que o petróleo recuou recentemente para níveis pré-conflito, a realidade é que o conflito traz para cima da mesa um nível adicional de incerteza num palco geopolítico de fortes tensões.
Relativamente ao mercado de gás natural liquefeito a situação também pode ser sensível uma vez que Israel é um país produtor e exportador desta fonte de energia. Embora pouco representativo a nível global, uma redução nas exportações de gás de Israel pode impactar negativamente o preço num mercado já de si constrangido desde a invasão russa da Ucrânia.