Esta semana vou estar de olho... nos indicadores que condicionarão a política monetária

Carla Brito Fonseca BPI GA
Carla Brito Fonseca. Créditos: Vitor Duarte

Esta semana vou estar de olho em... é da autoria de Carla Brito Fonseca, CFA, portfolio manager de fixed income e ações brasileiras na BPI Gestão de Ativos.

Esta semana serão divulgados vários indicadores que condicionarão a política monetária dos principais bancos centrais e as expectativas do mercado. Num momento em que os membros do FOMC debatem a dimensão e ritmo da retirada de estímulos monetários, os dados sobre o emprego nos EUA e o deflator do consumo concentrarão boa parte das atenções. Este último tem apresentado uma subida persistente, atingindo em dezembro o nível máximo dos últimos 38 anos. Será importante verificar se o motor da subida são os preços de itens mais voláteis, como combustíveis, ou se o core continua também a mostrar sinais de forte aceleração. As encomendas de bens duradouros e o indicador de despesas de consumo permitirão aferir de que forma a subida da inflação está a afetar o consumidor norte-americano. Enquanto os membros mais hawkish da Fed defendem uma ação resoluta, com subida de taxas mais acelerada para níveis pré-pandemia e redução do balanço já no segundo trimestre, os membros mais centristas consideram que a ação deve ser gradual e dependente da reação dos indicadores económicos, por forma a não arrefecer excessivamente a economia.

Na Zona Euro, a presidente do BCE defende que a política monetária tem efeitos limitados num contexto em que parte da subida dos preços se deve a falhas na cadeia de abastecimento. Contudo, o viés é agora claramente mais restritivo face ao caráter persistente das pressões inflacionistas.  Uma subida de taxas, a primeira em mais de 10 anos, e o fim das compras de ativos deverão ocorrer já este ano. Assim, importa acompanhar o dado de inflação que será divulgado esta semana.

As principais autoridades monetárias estarão, pela primeira vez nos últimos 15 anos, sincronizadas na retirada de estímulos e subida de taxas. O movimento contracionista é também visível nos mercados emergentes, estando o Brasil relativamente avançado no ciclo de subidas. Em 2021, o banco central subiu taxas em 725bp, o movimento mais expressivo das principais economias. A divulgação da inflação da primeira quinzena de fevereiro será um indicador a ter em conta. A clara exceção neste contexto é a China, que cortou em janeiro a taxa a um ano para mitigar a desaceleração da sua economia. Esta semana haverá nova decisão, não se esperando um corte adicional para já.