Esta semana vou estar de olho… nos resultados das empresas referentes ao 2.º trimestre e ao seu forward guidance para o 3.º trimestre

Ana Luísa Aguiar_IMGA
Cedida

(O contributo desta semana é da autoria de Ana Luísa Aguiar, fixed income portfolio manager da IMGA.)

A semana anterior arrancou com os tão aguardados resultados do segundo trimestre. O alastramento global da pandemia Covid-19, com impacto sem precedentes, e consequente recessão económica global, impactará de forma transversal os resultados do segundo trimestre, já que excluem os meses de “normalidade” de janeiro e fevereiro. O estudo do agregado dos resultados será importante para perceber qual a dimensão desse impacto e, mais importante, a expectativa quanto à velocidade de recuperação futura.

A banca americana já começou a reportar, e a tónica tem sido, sem surpresas, um aumento significativo das provisões para fazer face a crédito malparado, com impacto nos resultados. Por outro lado, ganhos em trading de fixed income permitiu uma boa performance dos resultados da banca de investimento. 

Na banca europeia aguarda-se com expectativa a divulgação das provisões sobre o crédito malparado dado serem tendencialmente inferiores aos da banca americana. No entanto, os programas de moratórias e liquidez concedidos poderão prolongar temporalmente esse efeito para os resultados dos terceiro e quarto trimestres, traduzindo-se numa recuperação mais lenta do setor financeiro.

Ao nível das empresas não financeiras ainda são poucos os resultados já divulgados. Contudo, todas as iniciativas da redução da estrutura de custos, redimensionamento do CAPEX, redução de dividendos e cancelamento de programas de share buyback, e por fim, aumento dos níveis de liquidez (levantadas nos últimos dois meses no mercado primário) deverão compensar apenas parte das quebras sentidas ao nível da receitas e redução dos Cash Flows. Empresas cíclicas e empresas com perfil de risco inferior a Investment Grade serão as que terão consequências mais nefastas, tendo como consequência um aumento inevitável das taxas de default.