A edição 2017 do estudo Health at a Glance publicado pela OCDE revela que desde 1970 a esperança de vida à nascença aumentou em mais de 10 anos em todos os países da OCDE, associada ao aumento das despesas de saúde, a estilos de vida mais saudáveis e à melhoria das condições socioeconómicas. Na OCDE, a esperança de vida atingiu um valor médio de 80,6 anos, sendo a mais elevada de 83,9 anos no Japão, seguida de 83 anos em Espanha e na Suíça. Em Portugal, a esperança de vida média é de 81,2 anos (78,1 anos nos homens e 84,3 anos nas mulheres), sendo os níveis mais baixos registados na Letônia (74,6 anos) e no México (75 anos). Numa outra análise do mesmo relatório, apura-se que a diminuição de metade das taxas de tabagismo e de consumo de álcool, pode se traduzir num ganho adicional de esperança de vida de 13 meses.
São boas notícias, sabermos que vamos envelhecer mais tarde e viver mais anos, mas será que estamos conscientes das implicações da longevidade? Recentes estudos e experiências na área da biomedicina, concluem que o envelhecimento é equivalente a uma doença que poderá ser curada através de medicina regenerativa e anti-envelhecimento e que, o primeiro ser humano que irá viver 1.000 anos provavelmente já está vivo e inclusive poderá ter entre 50 e 60 anos.
Em A longevidade e o “greyny boom”, José A. Herce, Presidente do Fórum de Especialistas do Instituto BBVA de Pensões, resume-nos a sua visão sobre a demografia e as pensões. Numa reflexão sobre a longevidade e o envelhecimento, conclui que a sociedade não foi ainda capaz de compreender a longevidade e as suas implicações em áreas tão importantes, como as pensões. Torna-se cada vez mais urgente a promoção de soluções políticas relacionadas com as pensões e de políticas de pro-natalidade adaptadas ao prolongamento linear da longevidade seriam importantes, uma vez que, os indivíduos começam a trabalhar aos 25, se reformam aos 65 e vivem pelo menos mais 22 anos, necessitando de maiores contribuições ou poupanças para uma vida digna após a reforma.
Face a sistemas de pensões insustentáveis e sem expetativa de melhoria, uma mudança de mentalidade no paradigma da idade de reforma permitiria um prolongamento da vida laboral à medida que a esperança de vida aumenta. O “greyny-boom” pode ser equiparável a um “baby boom” de indivíduos que foram criados, educados, já passaram pela adolescência, têm experiencia profissional e graças ao aumento da longevidade mantêm uma boa forma fisica e mental.