Nas suas perspetivas para 2024, Estêvão Oliveira afirma que será essencial acompanhar as tendências emergentes e as mudanças nas políticas económicas, mantendo a flexibilidade para ajustar as estratégias de investimento conforme necessário.
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COLABORAÇÃO de Estêvão Oliveira da equipa de gestão de ativos do Haitong.
À medida que nos aproximamos de 2024, as economias globais enfrentam um período de mudança e adaptação. Nos EUA, após um ano de 2023 resiliente, a adoção de uma política monetária mais rigorosa é vista como uma medida necessária para manter a inflação sob controlo. Apesar de esta abordagem poder vir a provocar uma desaceleração económica relevante, é considerada crucial para a estabilidade da economia a longo prazo. Paralelamente, na Europa, uma política monetária claramente restritiva e uma política fiscal um pouco menos favorável apontam para um crescimento económico modesto, enquanto a China procura superar desafios internos e externos na sua trajetória de recuperação, particularmente após um ressurgimento menos vigoroso do que o esperado no período pós-COVID-19.
O papel dos EUA no ambiente financeiro
Neste panorama global em constante transformação, o papel dos Estados Unidos no ambiente financeiro merece uma análise cuidadosa. Apesar de serem tradicionalmente vistos como um motor da economia mundial, os EUA enfrentam um ano de 2024 potencialmente desafiador. Caso a sua atual tendência de crescimento sofra uma inversão e o apetite das empresas estrangeiras por exposição à economia americana diminua, poderá verificar-se uma inversão significativa dos mercados. Com o mercado tão fortemente inclinado para os EUA, qualquer desvio significativo da trajetória de crescimento dos últimos anos poderá resultar em consequências graves para os mercados globais no ano de 2024. Para além disto, os EUA terão novas eleições presidenciais, em novembro de 2024, com o potencial de desordenar novamente o xadrez mundial, num contexto em que a consolidação orçamental foi novamente protelada, embora seja cada vez mais inadiável. Por outro lado, a China surge como uma incógnita, onde uma recuperação inesperada pode oferecer oportunidades surpreendentes, dadas as baixas expetativas do mercado. No entanto, para tal, as autoridades chinesas terão de atacar o ciclo vicioso que se gerou entre os problemas no mercado imobiliário, as finanças dos governos locais e a saúde do setor bancário. Esta conjuntura realça a importância de uma estratégia de investimento diversificada, na qual os instrumentos de taxa fixa se tornam uma necessidade, particularmente num contexto de taxas de juro elevadas que não se verificavam há muitos anos.
Riscos
Este contexto financeiro acarreta riscos relevantes, onde as políticas monetárias restritivas, focadas na estabilidade da inflação, têm o potencial de desencadear recessões. Além disso, as taxas de juro elevadas podem gerar volatilidade nos mercados, exigindo reavaliações frequentes das expetativas económicas. Esta é uma situação que realça a importância de abordagens de investimento cuidadosas e bem pensadas, capazes de se adaptarem às incertezas e mudanças económicas que marcam este período de transição.
Prevê-se ainda que a inflação se aproxime dos objetivos estabelecidos pelos bancos centrais, o que poderá resultar numa redução das taxas de juro na segunda metade do ano. Contudo, espera-se que estas taxas se mantenham mais altas do que o verificado após 2008, indicando uma alteração importante na estrutura da economia mundial e sugerindo um cenário económico diferente do observado nos últimos anos – num ambiente em que os principais bancos centrais continuarão a reduzir progressivamente o excesso de liquidez, nomeadamente através de políticas de Quantitative Tightening.
As próximas grandes tendências
No mundo financeiro, as próximas grandes tendências deverão surgir de forma inesperada. Enquanto áreas como energia sustentável, inteligência artificial, automação, biotecnologia e finanças descentralizadas, como o DeFi, estão a atrair atenção dos participantes de mercado, pode haver desenvolvimentos surpreendentes noutros setores que rapidamente consigam ganhar destaque. Por exemplo, novos tratamentos em áreas da saúde, em resposta a problemas globais crescentes como a obesidade, podem emergir como pontos de interesse significativos. Esta possibilidade realça a importância de os investidores se manterem bem informados e prontos para adaptar as suas estratégias de investimento a mudanças súbitas e inesperadas no panorama do mercado.
Avançando para 2024, é crucial manter uma perspetiva equilibrada, reconhecendo tanto os obstáculos quanto as possibilidades que se apresentam. O próximo ano promete ser um marco na adaptação às novas realidades económicas e financeiras, exigindo uma abordagem ponderada e estratégica no mundo dos investimentos. Será essencial acompanhar as tendências emergentes e as mudanças nas políticas económicas, mantendo a flexibilidade para ajustar as estratégias de investimento conforme necessário. 2024 irá desafiar-nos não apenas a ser observadores, mas também participantes ativos no desenho dos nossos investimentos financeiros, aproveitando as oportunidades que surgem neste cenário dinâmico e em constante evolução.
Nesta conjuntura, uma boa escolha poderá ser um fundo equilibrado que inclua tanto ações, como obrigações, como, por exemplo, o White Fleet III – Haitong Flexible Fund. Este fundo UCITS, disponível desde 2018, baseia-se numa estratégia desenvolvida desde 2002, caracterizada por uma gestão assente em análise macro e microeconómica com resultados consistentes ao longo dos anos.