Golden WM: “Acreditamos que o resto do ano vai (continuar a) favorecer o segmento acionista”

Vasco Freitas e Luís Mateus
Cedida

(Perspetivas traçadas por Vasco Freitas, de responsável Equities, e Luís Mateus head of Fixed Income da Golden Wealth Management)

O que esperam de cada uma das principais economias no ano de 2019?

Já no início deste ano, as nossas expectativas assentavam no pressuposto de que não víamos como eminente uma recessão durante 2019. Um abrandamento económico sim, mas uma recessão não.

Mantemos a opinião para a segunda metade do ano, podendo inclusive virmos a assistir a algumas surpresas (pela positiva), em especial após a alteração do discurso dos principais Bancos Centrais a defenderem o regresso dos estímulos monetários e de novos cortes de taxas de juro.

O ciclo eleitoral nos EUA poderá também desempenhar um papel importante, na medida em que uma das promessas eleitorais da atual administração (ainda por cumprir) e suscetível de garantir fortes apoios junto do eleitor norte americano, passa pelo lançamento de um programa de infraestruturas à escala federal (à semelhança do que a China já está a fazer).

Numa altura em que os mercados estão preocupados com a ausência da inflação, a surpresa pode vir por uma normalização a níveis mais elevados à boleia de preços das matérias primas mais altos.

Quais as classes de ativos melhor posicionadas para uma boa performance no segundo semestre?

Acreditamos que o resto do ano vai (continuar a) favorecer o segmento acionista e não excluímos a possibilidade de virmos a assistir a um 2º semestre algo “exuberante”. Atendendo ao maior potencial de subida, favorecemos a Europa e o Japão face aos EUA e estamos particularmente positivos relativamente às ações emergentes (em especial se o USD não ganhar força e se se mantiverem os baixos níveis de taxa de juros nos EUA).

Acreditamos que num ambiente de mais inflação podemos assistir a uma recuperação do segmento das matérias primas e geral e a continuação do bom desempenho do complexo dos metais preciosos (onde as boas empresas dedicadas à sua exploração constituem boas oportunidades).

Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê?

O principal risco que domina no presente o nosso radar consiste no "mismatch" entre as expectativas do mercado e o que a FED pode na realidade "entregar" no que concerne ao rumo da política monetária (descidas nas taxas de juro). Aliás, acompanhamos este fenómeno desde o início de 2019, quando Jerome Powell protagonizou uma das mais importantes mudanças de discurso na história deste banco central (um dos principais destaques do nosso Outlook para 2019).

Qual o fundo de investimento que recomendam para o segundo semestre de 2019 e porquê? 
Estamos particularmente satisfeitos com o sucesso do nosso trade temático no universo das mineiras relacionadas com os metais preciosos. Acreditamos que a vaga acomodatícia que está a varrer a política monetária dos principais bancos centrais do planeta contribui sobremaneira para deprimir o nível das taxas de juro reais – precisamente o cenário em que o ouro mais brilha! Para além de um ambiente macro favorável, a aceleração da tendência para ocorrerem operações de M&A no sector robustecem a nossa convicção no upside adicional desta posição.

Quais os temas onde procuram alternativas de investimento?

As small caps americanas têm exibido uma underperformance assinalável face ao S&P500. Acreditamos que a agenda política de Donald Trump, mais concretamente o seu plano de infra-estruturas, aliada à resolução (ainda que temporária) do Trade War, podem constituir catalisadores determinantes para que esta classe de ativos recupere território perdido. Desta forma e no âmbito da gestão ativa, estamos à procura das melhores soluções para conquistar exposição ao universo das small caps norte americanas.