Nas perspetivas que traça para o segundo semestre, Francisco Falcão, Diretor Geral da Hawkclaw Capital Advisors, vê como principais riscos a guerra comercial entre os EUA e o resto do mundo, o Brexit, as tensões geopolíticas entre Irão e EUA e a turbulência político-económica na Turquia.
(Perspetivas traçadas por Francisco Falcão, Diretor Geral da Hawkclaw Capital Advisors)
O que esperam de cada uma das principais economias no ano de 2019?
A economia global tem apresentado alguns sinais de abrandamento, nomeadamente ao nível do sector industrial. Durante a segunda metade do ano consideramos que esta situação se irá manter tendo em conta a indefinição relativamente às tensões comerciais entre EUA e China, sendo que consideramos que o principal impacto se poderá verificar ao nível do investimento de capital e não tanto ao nível do mercado de trabalho. Os Bancos Centrais deverão voltar a tomar medidas mais “dovish” com corte dos juros por parte da Reserva Federal e do Banco Central Europeu (provavelmente considerando “deposit tiering”), sendo que este último deverá ainda reabrir o CSPP ou o PSPP. A incerteza e as tarifas deverão continuar a afetar o ambiente macroeconómico na China sendo que, embora haja espaço para mais estímulos fiscais, o enfoque deverá passar pela política monetária e suporte no crédito para infraestruturas e imobiliário. No Japão, o aumento do IVA deverá ter um impacto reduzido ao nível do consumo sendo que a dívida pública face ao PIB se mantém nos 230%. Embora neste momento não consideremos a possibilidade de uma recessão, há vários sinais ao nível macro e micro que nos preocupam pelo que estamos mais defensivos em termos de alocação de risco.
Quais as classes de ativos melhor posicionadas para uma boa performance no segundo semestre?
O atual momento de mercado de capitais implica cada vez mais a identificação de posições geradoras de “alpha” independentemente da classe de ativos. A nossa área de especialização tem como enfoque principal a classe obrigacionista e instrumentos de dívida pelo que identificamos algumas oportunidades específicas em “EM local currency”, “high yield” e “investment grade” tendo em conta "current yield" versus "yield to maturity". Estratégias que beneficiam de estreitamento de spreads de crédito por eventos de M&A ou ações corporativas poderão ser relevantes assim como a diversificação cambial tendo em conta a moeda base. Consideramos importante ter liquidez disponível pois a exuberância vivida nos últimos meses poderá desvanecer-se brevemente permitindo novas oportunidades.
Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê?
A guerra comercial entre os EUA e o Resto do Mundo, o Brexit, as tensões geopolíticas entre Irão e EUA e a turbulência político-económica na Turquia são os principais riscos que monitorizamos. Entretanto, as dificuldades no sector automóvel, problemas ao nível do crédito em áreas específicas ("student loans"), a desaceleração do setor industrial e a manutenção de inflação baixa nos países desenvolvidos são temas que acompanhamos, analisando se comportam implicações cíclicas ou estruturais.
Qual o fundo de investimento que recomendam para o segundo semestre de 2019 e porquê?
Tendo em conta a nossa filosofia de investimento consideramos que a alocação via fundos deverá ter por base uma área de específica ou temática pelo que fundos com especialização em "convertible bonds" ou em temas como automação, "big data", VR/AI e "cloud computing" continuam a ser interessantes para o segundo semestre. Normalmente, na alocação a fundos privilegiamos sempre a utilização de ETFs.
Quais os temas onde procuram alternativas de investimento?
A dinâmica de taxas de juro e spreads de crédito decorrente do atual momento económico e do mercado de capitais implica que os investidores que pretendam investir na classe obrigacionista utilizem cada vez mais estratégias alternativas dentro da classe por forma a gerar valor. A Hawkclaw Capital Advisors desenvolve exatamente esse tipo de soluções pelo que convidamos os investidores a estabelecer contato por forma a beneficiarem de mais uma alternativa de investimento.