Investimento sustentável atrai 60% dos investidores portugueses

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Carla Bergareche. Créditos: Cedida (Schroders)

TRIBUNA de Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha. Comentário patrocinado pela Schroders.

60% dos portugueses consideram positiva a alteração do seu foco de investimento para carteiras sustentáveis, desde que mantivessem o mesmo nível de risco e diversificação. O impacto ambiental mais vasto dos fundos sustentáveis é um apelo reconhecido por 52% dos investidores, face a 37% em 2000, enquanto os princípios sociais são referidos por 43%, mais 10 pontos percentuais do que no ano anterior. 34% considera ainda apelativa a ideia por considerar que desta opção podem resultar retornos superiores.Advertisement

A tendência é revelada pelo Schroders Global Investor Study 2021, que inquiriu mais de 23 mil investidores em 32 territórios por todo o mundo. Globalmente, há 57% de investidores a afirmar também este sentimento positivo quanto à mudança para uma carteira de investimentos inteiramente sustentável. Os mais jovens são os mais representativos, com uma carteira integralmente sustentável a apelar a 67% dos portugueses e 60% do total de inquiridos globalmente com idades entre os 18 e 22 anos – a chamada GenZ.

A pandemia veio reforçar a importância atribuída pelos investidores, a nível global e em Portugal, às questões ambientais e sociais. Cerca de metade dos portugueses considera mais importantes as questões sociais (52%) e ambientais (48%) do que antes da pandemia, números ligeiramente inferiores aos apurados globalmente (57% e 55%, respetivamente).

Embora mais propensos ao investimento sustentável, os portugueses consideram que faltam evidências que o motivem, nomeadamente dados que demonstrem retornos relativos compensadores (fator referido por 60% dos investidores inquiridos) e relatórios regulares que mostrem o impacto dos seus investimentos na sociedade e no planeta (45%). A nível mundial são 53% os que apontam para a necessidade de dados comprovativos de resultados superiores e mais de 40% os que indicam a elaboração destes relatórios regulares como fator de motivação para aumentar os seus investimentos sustentáveis.

30% dos portugueses e 36% dos inquiridos a nível global referem ainda que gostariam de ver alguma forma de autocertificação assegurada pelo seu gestor de investimentos, a comprovar que os seus investimentos são sustentáveis.

Na Schroders, estamos a levar estas conclusões muito a sério. Vemos a criação de valor sustentável como algo intrinsecamente ligado a uma gestão bem-sucedida dos desafios sociais e ambientais, mas há claramente mais a fazer para demonstrar aos investidores os impactos positivos desta estratégia, quer em termos de retorno, quer em termos de benefício para a sociedade e para o planeta. É preciso garantir informação que permita avaliar desempenhos em todas as áreas que interessam aos investidores e, com este estudo, confirmamos que a responsabilidade social, ambiental e económica são alvo de interesse crescente.

Se é certo que grande parte dos investidores considera que cabe a governos e reguladores a responsabilidade de mitigar as alterações climáticas, 53% dos envolvidos neste estudo a nível global acredita que os gestores de investimentos e os principais acionistas também são responsáveis pela mitigação das alterações climáticas (mais do que os 46% em 2020). Em Portugal, este número também aumentou, de 49% em 2020 para 56%.

Catástrofe ambiental, escândalo financeiro, ataque informático… o que mais pesa?

Quando inquiridos sobre os motivos que mais pesariam na decisão de retirarem o seu investimento de dada empresa, os escândalos financeiros continuam a ser o principal motivo, tanto a nível global como nacional, à frente de ataques cibernéticos ou catástrofes provocadas pelas alterações climáticas.

Em Portugal 69% das pessoas retirar-se-iam, provável ou definitivamente, de um investimento em empresas associadas a um escândalo financeiro ou contabilístico, 66% fá-lo-iam no caso de empresas associadas a um escândalo de direitos humanos e 65% quando envolvidas num processo de violação da privacidade dos dados. Catástrofes com consequências nefastas para o ambiente (derrame de petróleo ou escândalo de emissões, por exemplo).