Num artigo de opinião, Hugo Gerald Freitas, team leader – Investment Products do ABANCA, afirma que na conjuntura atual de mercado importa, por exemplo, privilegiar as empresas que mantêm resultados neste tempos de maior adversidade.
Os dados económicos de abril confirmam uma deterioração da economia europeia sendo que o ABANCA estima uma contração do PIB da Zona Euro de -7,5% este ano e uma recuperação da atividade económica no ano seguinte, +5,1%. O vírus Covid-19 afetou especialmente os países economicamente mais vulneráveis e com menor capacidade de aplicar estímulos fiscais. Ao intenso debate e ao atraso numa solução conjunta e eficaz a nível europeu junta-se uma sentença do tribunal constitucional alemão sobre o programa de compras do Banco Central Europeu, não obstante, é expetável que o B.C.E. aumente o seu programa de compras antes do final do ano e procure concentrar as mesmas mais nos países periféricos procurando desta forma aliviar os custos de financiamento.
Perante este enquadramento económico importa que uma estratégia de gestão de ativos procure ter maior exposição aos setores menos afetados evitando consequentemente os setores mais afetados pelas medidas de confinamento, por outro lado, as empresas que revelam uma maior resiliência e capacidade de gerar resultados têm revelado um desempenho superior no que ao mercado acionista diz respeito. Temos também constatado que independentemente de algum filtro setorial que se possa adotar os filtros ESG (Traduzido do inglês - Ambiental, Social e Políticas de Governo Societário) têm-se revelado como eficazes se compararmos com essa mesma exposição setorial sem estes critérios, traduzindo-se numa estratégia geradora de Alpha (capacidade de gerar resultados superiores aos do mercado de referência).
Resumindo, a estratégia de investimentos mais adequada para o enquadramento atual passa assim por, mantendo uma exposição ao mercado, optar por um enviesamento para alguns setores que até podem ter beneficiado desta conjuntura (como é o caso do setor alimentar, o setor da saúde ou o setor tecnológico, em especial as empresas que tenham uma maior relação com a digitalização, comunicação e segurança informática), privilegiar as empresas que mantêm resultados neste tempos de maior adversidade e idealmente fazer uma filtragem por critérios ESG de forma a que se consiga almejar o grande objetivo de qualquer gestor de ativos, leia-se, “bater” a performance dos grandes índices de referência.
Procurando consubstanciar esta visão em instrumentos financeiros e numa perspetiva mais prática, constatamos que estas estratégias estão patentes em alguns fundos de investimento disponíveis no mercado. Fundos de Investimento que privilegiem a exposição a empresas que distribuam resultados ou que apliquem filtros ESG na sua seleção, além de Fundos com uma maior exposição aos setores supra-referidos. Existem ainda alguns fundos que se têm destacado e que adotam estratégias de “price momentum”, ou seja, que têm maior exposição aos setores que estão a evidenciar um melhor desempenho no momento atual face aos restantes, que acaba por se uma forma de também obter exposição os setores que destacámos.