Mind the GAAP! Os riscos das ações de “crescimento a qualquer preço”

Bill Casey e Nicholas Kissack
Bill Casey e Nicholas Kissack. Créditos: Cedida

TRIBUNA de Bill Casey e Nicholas Kissack, gestores de ações britânicas e europeias na Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.

A COVID-19 está a mudar a maneira como as potências globais estão a gerir as suas economias, e uma das chaves para enfrentar a crise provocada pela pandemia tem sido o apoio sem igual brindado as empresas e famílias. De facto, acreditamos que estas políticas expansivas e inflacionistas podem sobreviver à pandemia, às custas dos objetivos de inflação dos bancos centrais.Advertisement

Durante as últimas três décadas, “os ativos deflacionistas”, incluída a dívida pública e as ações GAAP (ou de crescimento a qualquer preço, pelas suas siglas em inglês Growth At Any Price), superaram os “ativos inflacionistas”, como as matérias-primas, os bens imobiliários e as ações de elevado rendimento, tal como se pode observar no gráfico seguinte.

No entanto, a pandemia ameaça mudar esta tendência, já que se está a produzir um aumento das expetativas da inflação futura, assim como um aumento da volatilidade das ações tecnológicas norte-americanas.

Perante estas mudanças, os investidores devem centrar-se tanto em identificar as empresas líderes do setor, como em pagar os preços adequados a elas. Para isso, um enfoque QARP (Quality At Reasonable Price), que procura “qualidade a um preço razoável”, acreditamos que é chave. Este enfoque baseia-se em procurar empresas bem geridas com um historial de rentabilidade sólido e sustentável ao longo de diversos ciclos económicos e com um crescimento estável dos lucros. Para além disso, à medida que as expetativas de inflação futura e as taxas de juro do mercado têm subido em 2021, temos visto como alguns ativos deflacionistas caíam bruscamente (entre eles os já mencionados valores tecnológicos e norte-americanos) e os ativos inflacionistas subiam de forma bastante chamativa.

Não estamos a dizer que os investidores devem evitar empresas de elevado crescimento como a Tesla, Facebook, Amazon, Apple, Netflix e a empresa mãe da Google, a Alphabet, apenas que assegurem que não pagam qualquer preço por esse crescimento. É que, estes ativos deflacionistas, como as ações GAAP, encareceram-se devido aos importantes fluxos de caixa que se espera que devolvam aos investidores no futuro. Mas quão caros estão estes valores? A “dispersão da valorização”, ou seja, a diferença entre as ações mais valorizadas e as menos valorizadas, está em nível record. Estes fatores fazem-nos pensar que a estratégia QARP é mais adequada neste contexto de mercado.

Uma maneira de obter exposição a empresas de qualidade razoavelmente valorizadas e com boas perspetivas de crescimento poderá realizar-se através de estratégias como o fundo Schroder ISF Global Sustaibanle Growth. O fundo centra-se em identificar empresas. Geridas com um enfoque de longo prazo e que têm em conta o seu impacto nos diferentes grupos de interesse. O processo de análise do fundo inclui-se no nosso sistema patenteado Sustainability Quotent (SQ), que ajuda a identificar as “boas” empresas que também são bons investimentos. Pois acreditamos que estas empresas, geridas de forma sustentável, estão melhor situadas para poder oferecer um crescimento superior juntamente com rentabilidades atrativas a longo prazo.