TRIBUNA de Michelle Russell-Dowe, responsável de Crédito Titularizado da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.
(TRIBUNA de Michelle Russell-Dowe, responsável de Crédito Titularizado da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.)
Os mercados passaram de “vende o que puderes, não o que deves” para simplesmente “vende”. Vimos até mercados mais líquidos, como o dos MBS emitidos por agências, a ficar congelado.
A Reserva Federal (Fed) acordou um QE ilimitado, ou "QE infinito" destinado à compra de obrigações do Tesouro dos EUA, mortgage-backed securities (MBS) e commercial mortgage-backed securities (CMBS). Neste sentido, concederam múltiplas facilidades, como a emissão de biliões de dólares de repos (acordos de recompra) e um novo term asset-backed securities loan facility (TALF) para adquirir asset-backed securities (ABS).
Tudo isto é necessário para tentar deter as quedas dos mercados que se viram mais afetadas pela volatilidade ou a deterioração das hipotecas e dos consumidores com maior capital. Os Mortgage Real Estate Investment Trusts (MREIT), devido à alavancagem e aos margin calls, criaram riscos nos mercados MBS de agências e nos mercados MBS de não-agência. Como alguns dos REITs hipotecários foram vendidos de maneira forçada, aconteceram quedas chamativas nos preços de subsectores hipotecários. Neste sentido, os mercados europeus de MBS e ABS são limitados e oferecem pouca transparência. Por sua vez, os collateralized loan obligations (CLO) e os CMBS estão a negociar a um preço conservador dadas as estatísticas negativas sobre o vírus e a economia.
O que pensa o mercado?
As pessoas nunca mais vão voltar a comprar em centros comerciais; nem ir ao cinema; nem vão passar as férias em hotéis ou trabalhar em escritórios.
- Os inquilinos não vão pagar as suas hipotecas ou rendas;
- Muitas empresas vão cair;
- O mercado imobiliário comercial colapsará.
Cada uma destas ideias esteve presente nos meios de comunicação e representam, obviamente, a interpretação mais extrema. Não obstante, refletem a preocupação com a qual mercados estão a começar a negociar num mercado que parece não ter fundo.
Não obstante, neste mercado vimos oportunidades onde se continua a ser possível ter convicção. Sobretudo, nos ativos de qualidade, que contam com proteção estrutural e apoios dos distintos governos. Por exemplo, os ABS suportados por ativos de cartões de crédito com classificação AAA emitidos pelos bancos Tier 1, ou por empréstimos para automóveis classificação AAA, com o apoio de TALF nas novas emissões. Os mercados de ABS, MBS, CMBS e CLO são diversos em muitos sentidos: em prestadores, em ativos e em exposição sectorial. Estes mercados, caracterizados por uma menor alavancagem e uma melhor subscrição, deverão oferecer oportunidades atrativas.
Os mercados norte-americanos de ABS, MBS e CMBS são variados, grandes e bastante visíveis. Desta vez, a situação no mercado imobiliário é diferente à vivida durante 2008 e 2009, ainda que acreditemos que os níveis de preços e liquidez são igualmente inviáveis. Quando tivermos mais claridade sobre a situação, será mais fácil procurar oportunidades. Até este momento, acreditamos que ainda há ABS que continuam a ser um ativo mais seguro.
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