Anthony Wong, CFA, gestor de carteiras da Allianz Global Investors, apresenta os temas vencedores de um país que se está a transformar mais rapidamente do que qualquer outra economia no mundo.
TRIBUNA de Anthony Wong, CFA, gestor de carteiras da Allianz Global Investors. Comentário patrocinado pela Allianz Global Investors.
O antigo Império do Meio está a transformar-se rapidamente num líder de alta tecnologia, mas apenas um pequeno segmento de empresas da China será vencedor. Assim, como forma de participarem eficazmente na mudança, os investidores devem considerar uma abordagem temática.
A China tinha, apenas há dez anos atrás, a reputação de fábrica do mundo, um país onde os bens não eram apenas produzidos em massa, mas a propriedade intelectual era desconsiderada e os produtos copiados. Estava longe de ser o mercado pioneiro que é hoje. Na verdade, a China hoje lidera o desenvolvimento de semicondutores, painéis solares, tecnologia de inteligência artificial, biotecnologia e novos modelos de negócios dinâmicos. Relembra-se, a esse nível, que os pedidos de patentes no país ultrapassam os da América do Norte em três para um e que a China ocupa o segundo lugar no mundo em investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), atrás apenas dos EUA.
Na verdade, a China está a transformar-se muito mais rapidamente do que qualquer outra economia no mundo. As tendências macroeconómicas definem a sua rápida evolução: forte crescimento económico, descarbonização, urbanização, inovação tecnológica, profunda industrialização, aumento do rendimento disponível e mudança demográfica. Juntas, significam que a China deve ser tão diferente daqui a 10 anos como o era em 2010.
Os temas vencedores
Como em qualquer momento de rápida mudança estrutural, há vencedores e perdedores. Daí a necessidade de uma abordagem temática ao investimento. Analisando as grandes macrotendências, definimos o seguinte conjunto de temas que ajudam a identificar as empresas mais bem posicionadas a lucrar com a rápida transformação do gigante asiático: (1) Substituição de importações, (2) Novo consumo, (3) Compromisso Ambiental, (4) Vida digital, (5) Transformação da Saúde, (6) Tecnologias de vanguarda, (7) Educação de qualidade, (8) Inclusão financeira e (9) Segurança Alimentar.
Substituição de importações, ambiente e consumo
Os três primeiros temas em particular ilustram as oportunidades de investimento emergente. Por exemplo, a substituição de importações descreve o número crescente de empresas chinesas que estão a alcançar os concorrentes estrangeiros e a conquistar quota de mercado.
Numa recente viagem de pesquisa, Shibo Wang, Gestor de Carteira da AllianzGI, visitou várias empresas ao longo da cadeia de valor dos semicondutores, que estão a desenvolver-se rapidamente devido à crescente procura por chips. “A boa notícia é que, hoje, não são apenas os computadores que precisam de chips semicondutores, mas também as TVs, os robôs de limpeza e todo o desenvolvimento da internet das coisas”, observou, “oferecendo uma grande oportunidade às jovens empresas chinesas de semicondutores de financiarem os seus gastos em I&D.”
Quanto ao novo consumo, o resultado da pandemia está a favorecer desproporcionalmente as marcas chinesas de ponta em vez das antigas favoritas europeias. “As pessoas estão a gastar o seu dinheiro em marcas chinesas de ponta”, acrescentou o especialista, acrescentando que “Algumas dessas empresas estão a crescer muito rapidamente, especialmente quando apresentam modelos de negócios inovadores.”
Outro tema importante é o compromisso ambiental. Em 2020, o presidente Xi Jinping prometeu que a China se tornaria neutra em carbono até 2060. As empresas chinesas estão já a liderar a transição global. A China tem o maior mercado mundial de veículos elétricos, de longe a maior capacidade de fabricação de baterias de iões-lítio e o maior uso de polissilício para painéis solares.
Tal como outros países ao longo da história, a China está a passar por uma revolução económica que vai enriquecer os arquitetos da mudança. O que torna a China diferente, no entanto, é o ritmo da reinvenção. O desafio do investidor é identificar os vencedores, uma tarefa que pode ser simplificada ao focar nos temas de crescimento do país.
