O PMI da indústria ilustra bem a diferença entre os EUA e a Europa

Carlos Bastardo
Carlos Bastardo. Créditos: Vítor Duarte

COLABORAÇÃO de Carlos Bastardo.

Os dados do PMI (Purchasing Managers Index) de fevereiro de 2024 demonstram com clareza a diferença que existe em termos de resiliência das economias europeias e da economia americana. 

O PMI industrial da zona euro encontra-se abaixo dos 50 pontos (46,5), com destaque negativo para a Alemanha (42,5), a maior economia europeia, enquanto o PMI industrial dos EUA está nos 52,2 pontos. Globalmente, os valores dos PMI situaram-se em fevereiro abaixo ou perto do valor 50, que separa a expansão económica da contração.

Atual contexto global

Apesar do fraco crescimento económico europeu e dos progressos na descida da inflação, o BCE continua a observar a evolução do crescimento dos salários e da descida dos preços, pelo que o início da descida dos juros poderá apenas acontecer, na melhor das hipóteses, no verão. A expetativa da generalidade dos analistas financeiros aponta para que tal aconteça no mês de junho.

Nos países BRIC, é de salientar a performance da Índia (56,9), enquanto a China está com um valor de 50,9. Os dados macroeconómicos nos próximos dois a três meses serão determinantes para os bancos centrais decidirem quando começam o processo de descida das taxas de juro.

Com a economia americana a revelar uma maior dinâmica face à economia europeia e com a inflação a dar mostras de descer em ambos os blocos, qual será o banco central que vai descer as taxas de juro em primeiro lugar? Com base nos dados económicos que atualmente conhecemos, deveria ser o BCE a iniciar o processo de descida das taxas de juro desta vez. Contudo, todos sabemos que candeia que vai à frente, alumia duas vezes, e essa candeia costuma ser a Reserva Federal Americana.

Situação nacional

E Portugal? O que vai acontecer no futuro próximo? Haverá condições para um governo estável, com uma boa base de suporte e determinado em tomar medidas com impacto sustentável a m/l prazo?

As eleições de 10 de março trouxeram uma nova realidade, de viragem à direita. Se somarmos os lugares dos partidos de direita (AD, IL e Chega) temos 138 deputados. Os partidos de esquerda (PS, BE, PCP, Livre e PAN) somam 92 deputados. Ou seja, 60% do parlamento passou a ser dos partidos de direita.

Contudo, a situação não será fácil para o futuro governo e para quem desejar aprovar medidas estruturais. Não vão ser fáceis os próximos meses, pois vão exigir ao futuro Primeiro-Ministro uma grande capacidade de negociação com diferentes partidos políticos, para bem do país e para não continuarmos a perder tempo em questões secundárias.

O país continua a estar cada vez mais no radar dos investidores de dívida pública, com a melhoria do rating pelas diversas agências. É fundamental que lhes sejam apresentadas medidas convincentes de que o país está na rota certa.