No seu habitual artigo de opinião, Carlos Bastardo revela o que espera para este ano após um excelente 2019 para os ativos financeiros de risco.
Neste início do ano, pouco mudou em termos macroeconómicos face ao que assistimos nos últimos meses de 2019.
É unânime a redução das perspetivas económicas para 2020 pelos principais organismos internacionais como o FMI, a OCDE e a Comissão Europeia.
A economia americana deverá crescer cerca de 2% este ano. A economia chinesa cresceu 6,1% em 2019, o valor mais baixo desde 1990 e, de acordo com a generalidade das estimativas atuais, irá crescer abaixo dos 6% em 2020, apesar dos estímulos monetários e fiscais do governo chinês.
A Europa continua a ser o bloco com mais dificuldades em crescer. O motor económico alemão não está afinado e enfrenta um dos mais baixos crescimentos dos últimos 20 anos (0,6% em 2019).
Em termos económicos e atendendo às estimativas dos principais indicadores, tudo aponta para a continuação do abrandamento registado no segundo semestre de 2019. Para já, não há razões para pensarmos o contrário. O endividamento dos países desenvolvidos continua a crescer, a inflação é reduzida, o nível de capex (investimento) é baixo e os fatores de risco geopolítico permanecem ativos.
Pela positiva, o primeiro capítulo do acordo EUA / China foi assinado. Em ano de eleições nos EUA, Trump deseja ganhar as mesmas e, portanto, vai ter mais cuidado com as mensagens que envia, pois não está interessado em criar volatilidade que afete a evolução económica e consequentemente a sua eleição. Neste mês de janeiro, os EUA até já consideraram que a moeda chinesa deixou de ser manipulada pelas autoridades monetárias do país!...
Também é evidente neste início do ano, que a bolsa americana continua a ter uma melhor performance do que as bolsas europeias. Neste mês e até ao dia 24, o índice S&P 500 valorizou-se 2%, ao passo que os principais índices europeus apresentaram performances entre 0% e 1%.
As taxas de juro estão e continuarão a estar em níveis muito baixos, afetando os retornos dos produtos financeiros mais conservadores, logo, afetando a poupança. Os bancos centrais continuam com as suas políticas expansionistas e até poderá haver na Europa alguns estímulos fiscais.
Após um excelente ano de 2019 para os ativos financeiros de risco e de algumas análises otimistas de evolução para 2020, é necessário ter em atenção que os preços das ações estão em máximos (EUA e Europa), os indicadores de mercado como o P/E (Price Earnings) estão mais elevados do que os valores médios dos últimos anos, a volatilidade está em níveis reduzidos e os spreads da dívida investment grade e high yield estão mais baixos.
Com um crescimento económico menos dinâmico, penso que o fator determinante na evolução dos mercados bolsitas são os resultados líquidos e o volume de negócios que as empresas apresentem em cada trimestre ao longo do ano.