TRIBUNA de Andreas Fruschki, CFA, diretor de ações temáticas da Allianz Global Investors (AllianzGI). Comentário patrocinado pela Allianz GI.
TRIBUNA de Andreas Fruschki, CFA, diretor de ações temáticas da Allianz Global Investors (AllianzGI). Comentário patrocinado pela Allianz GI.
A pandemia do coronavírus voltou a centrar a nossa atenção no valor dos alimentos, tanto que a questão "como plantar sementes?" tornou-se numa tendência da Internet. Mesmo antes da pandemia atacar, todo o sistema de abastecimento de alimentos era extremamente ineficiente. Se não agirmos, a situação só pode piorar. A boa notícia é que o setor privado pode cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU) ao investir em inovações que melhoram a sustentabilidade da economia alimentar, com o objetivo de alcançá-la com rentabilidade.
Infelizmente, há muitas pessoas que não têm acesso garantido a alimentos. A insegurança alimentar tem um efeito devastador e os países cujas populações estão a morrer à fome não vão ser capazes de concretizar o seu potencial económico. Mesmo nos países desenvolvidos, muitos cidadãos têm dificuldade no acesso a alimentos nutritivos e uma dieta pobre aumenta a desigualdade em saúde e oportunidades. E, enquanto 815 milhões de pessoas vivem todos os dias sob a sombra da fome, um terço dos alimentos acaba por ser descartado ao longo da cadeia de abastecimento. Esta é uma razão convincente para os ODS incluírem a meta de eliminar a fome em todo o mundo até 2030.
No entanto, a resposta à fome não é simplesmente aumentar a produção de alimentos a partir do status quo, mesmo que isso seja possível. Precisamos de uma abordagem mais sensível às questões ambientais. Por exemplo, a agricultura é responsável por cerca de 15% das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem, e as mudanças climáticas estão a exacerbar secas, inundações e outros eventos climáticos voláteis que ameaçam plantações e pecuária. Enquanto isso, a procura por alimentos cresce de mãos dadas com a população. Em 2012, um relatório do WWF estabeleceu que a humanidade precisaria produzir mais alimentos nas próximas quatro décadas do que nos últimos 8 mil anos de agricultura.
A boa notícia é que o setor privado pode desempenhar um papel significativo - em linha com os ODS das Nações Unidas – investindo com o objetivo de melhorar a segurança alimentar e a sustentabilidade da economia alimentar de forma lucrativa. Antevemos, à partida, três ideias de investimento sobre como o setor privado pode usar capital para impulsionar a mudança e melhorar a forma como os alimentos (i) são obtidos (ex.: conexão entre agricultores com dados coligidos por satélites e drones, adoção de novos métodos de agricultura vertical,...); (ii) são processados e distribuídos, em consonância com o ODS-12 (consumo e produção responsáveis); ou (iii) são alvo de inovação e desenvolvimento (I&D) – neste caso, respondendo também ao ODS-3 (saúde e bem-estar).
Investimento de capital premente
Embora não existam respostas simples para os desafios da segurança alimentar, a sua grande importância torna-o numa questão urgente e iminente. A combinação de crescimento populacional, declínio da saúde da biosfera, escassez de água e problemas sociais como a fome e a obesidade representam um enorme desafio para os nossos sistemas alimentares. Devemos produzir mais alimentos com maior valor nutricional e um menor custo ambiental e económico. Para consegui-lo, o investimento de capital vai ser essencial para gerar inovações radicais e eficiências incrementais. Investir em empresas que geram um impacto positivo, alinhadas com os ODS da ONU relacionados com a alimentação, é uma oportunidade estimulante para investidores e para o conjunto da sociedade.