PMI da indústria europeia continuaram a revelar em março alguma fraqueza

Carlos Bastardo
Carlos Bastardo. Créditos: Vítor Duarte

TRIBUNA de Carlos Bastardo.

O indicador Purchasing Managers Index (PMI) do setor industrial continuou a revelar em março alguma fraqueza na zona euro. De facto, o indicador caiu ao longo do primeiro trimestre, 48,8 em janeiro, 48,5 em fevereiro e 47,3 em março.

De entre os países da zona euro, é de salientar pela positiva a Espanha e a Itália, ambos os países com um PMI industrial acima de 50 (51,3 e 51,1 respetivamente).

Pela negativa, temos a Alemanha com um PMI industrial de 44,7 em março, o valor mais baixo dos últimos 3 anos. A França com 47,3 e até a própria Irlanda, que viu o indicador cair de 51,3 em fevereiro para 49,7 em março, não conseguem fugir à situação de fraqueza do indicador. O Reino Unido não está melhor. O PMI industrial de março caiu para os 47,9.

Fora do continente europeu, temos os EUA com um valor de 49,2 em março (47,3 em fevereiro) e o Japão com 49,2 (47,7 em fevereiro).

Numa altura em que parece ressurgir o conceito dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) como contraposição ao mundo ocidental, temos diferenças entre os quatro países. O Brasil apresentou em março um PMI industrial de 47,0 (fraco crescimento económico) e na situação contrária temos a Índia com 56,4 a Rússia com 53,2. A China apresentou um indicador de 50 (51,6 em fevereiro), valor que separa a expansão (acima de 50) da contração económica (abaixo de 50).

Duas das economias asiáticas mais desenvolvidas, a Coreia do Sul e Taiwan, apresentaram também um PMI industrial abaixo de 50 em março: 47,6 e 48,6 respetivamente.

Esta evolução negativa do PMI da indústria não é uma boa notícia. O FMI já veio rever em ligeira baixa o crescimento económico da zona euro em 2023.

Proximamente, irá sair o crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano que confirmará (ou não) a tendência de desaceleração do crescimento económico relativamente a 2022.

Apesar de uma maior abertura da economia chinesa com a redução das medidas protecionistas contra a pandemia Covid e a previsão de que o PIB da China possa evoluir mais positivamente, até agora, os sinais dessa tendência são ainda tímidos.

Os mercados financeiros parecem não estar (para já) muito incomodados com a evolução macroeconómica. Estamos em plena época de anúncio dos resultados das empresas do primeiro trimestre e até agora o sentimento é misto, embora as próximas duas semanas vão ser importantes dada a quantidade de resultados a serem anunciados nos EUA e na Europa.

Começa a haver mais analistas financeiros a considerarem que a economia americana pode entrar proximamente em recessão. No próximo mês de maio vamos ter reuniões da Reserva Federal Americana e do Banco central Europeu. Independentemente dos recentes dados económicos, a inflação continua elevada, pelo que é de esperar uma nova subida dos juros nos EUA e na Europa, eventualmente 0,25% em ambos os blocos económicos.