PMI na Europa em máximos históricos ou de vários anos

Carlos_Bastardo
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No meu livro sobre Gestão de Ativos Financeiros, no primeiro capítulo abordo as questões macroeconómicas mais importantes para a evolução dos mercados financeiros e para as decisões de investimento em ativos financeiros e em ativos reais. Apresento os indicadores que na minha opinião são os mais importantes de monitorizar em cada ciclo da economia.

Um dos indicadores que acompanho mais de perto há muitos anos é o PMI – Purchasing Manager’s Index, quer para a indústria como para os serviços. É um dos indicadores de confiança mais fiáveis e mais correlacionados com a evolução do PIB, conjuntamente com outros indicadores equivalentes, como o ISM nos EUA e o IFO na Alemanha.

A zona euro tomando por base o indicador PMI da indústria vive hoje um excelente momento, com alguns países em máximos históricos. No período 2012-2017, verifica-se que o indicador subiu de 46.1 em dezembro de 2012 para 60.6 em dezembro de 2017, evoluindo no final de cada ano da seguinte forma: 46.1, 52.7, 50.6, 53.2,54.9 e 60.6.

Se em 2012 o indicador claramente apontava para uma recessão estando abaixo de 50, a partir de 2015 a melhoria foi evidente, em especial no ano passado. Em dezembro de 2017, o indicador PMI estava em máximos históricos em países como a Alemanha ou a Irlanda e estava no valor mais alto dos últimos 207 meses em França.

Logicamente que esta evolução do PMI induz normalmente uma boa dinâmica do PIB na zona euro e especialmente em países como a Alemanha (PMI = 63.3 em dezembro de 2017 versus 46 em dezembro de 2012), França (58.8 em dezembro de 2017 versus 44.6 em dezembro de 2012) e Itália (57.4 em dezembro de 2017 versus 46.7 em dezembro de 2012).

Fora da zona euro, o PMI nos EUA fechou 2017 nos 55.1 (52.7 um ano antes), no Japão encerrou no ano passado nos 54 (52.4 em 2016), na China nos 51,5 (mesmo valor que em dezembro de 2012), na Índia nos 54,7 (49,6 em dezembro de 2016), no Brasil nos 52,4 (45,2 em dezembro de 2016) e na Rússia nos 56,8 (49,5 em dezembro de 2016).

É interessante verificar que três grandes economias dos chamados países BRIC, a Índia, a Rússia e o Brasil, passaram de um PMI abaixo de 50 em 2016, revelador de recessão para um valor acima de 50 em 2017, revelador de expansão económica.

A análise da evolução económica expressa neste e noutros indicadores é fundamental para os gestores de carteiras de ações, de obrigações e de outros ativos, decidirem qual o modelo de alocação mais aconselhável e que poderá potenciar uma melhor relação de risco versus retorno em cada momento.

A questão é que o PMI está em máximos de vários anos na zona euro e em alguns países está mesmo em máximos históricos. Será que a evolução significativa do indicador em 2017 poderá continuar durante 2018? É difícil.

Contudo, existem alguns países na Europa e no mundo e com algum peso económico que começam a dar sinais de melhoria, casos por exemplo da China e do Brasil, se atendermos aos dados macroeconómicos recentemente divulgados.

Claro que a subida do PMI de quase 6 pontos na zona euro em 2017 é impressionante e de difícil manutenção de tendência. Mas também sabemos que um PMI acima de 50 indica expansão económica, com mais ou menos envergadura, consoante nos afastamos ou nos aproximamos desse valor de referência.

Acabo como comecei este artigo: o PMI tem sido na minha opinião um excelente indicador para tomar decisões de alocação entre os vários tipos de ativos e regiões, decisões de mudança de setores cíclicos para setores defensivos ou vice-versa, decisões em aumentar ou diminuir o beta das carteiras de ações e decisões de investir em dívida com mais ou menos maturidade e com mais ou menos risco.

Temos é que estar muito atentos à evolução do PMI e, naturalmente de mais 2 ou 3 indicadores macroeconómicos consoante o ciclo que atravessamos.