Artigo de opinião da autoria de Carlos Bastardo.
Um dos indicadores que dou bastante atenção há muitos anos, quer quando trabalhei nos mercados financeiros como agora nos fundos imobiliários e nos meus investimentos pessoais em ativos de risco, é o PMI da indústria.
Claro que também há o PMI dos serviços e o PMI global ou Composite, mas eu continuo mais fiel ao indicador da indústria.
Trata-se de um indicador de confiança, que revela o nível de otimismo dos gestores relativamente às expetativas de performance da indústria ao nível de encomendas, nível de produção e de vendas efetuadas e previstas.
Por outro lado, é um indicador bastante correlacionado com a evolução dos índices bolsistas.
Os valores de março de 2021 apontam para uma recuperação mais evidente na Zona Euro. Há um ano, o indicador em abril de 2020 era de 33,4, terminou 2020 nos 55,2 e fechou em março em 62,5, francamente acima do nível 50 que separa a zona de expansão da zona de recessão.
Se analisarmos os dados de março do PMI da indústria nas 4 maiores economias da Zona Euro, verificamos que na Alemanha o valor de 66,6 é o máximo histórico, que em França o valor de 59,3 é o máximo dos últimos 246 meses (20,5 anos), que o valor de Itália de 59,8 é o máximo dos últimos 252 meses (21 anos) e que o valor de 56,9 de Espanha é o máximo dos últimos 171 meses (14,25 anos).
Apesar de já não serem nossos parceiros na União Europeia, mas dada a sua importância económica e como praça financeira, refiro que o PMI da indústria de março no Reino Unido, 58,9, é o máximo dos últimos 10 anos.
Também noutras zonas do globo como os EUA (59,1), Índia (55,6), Coreia do Sul (55,3) e Taiwan (60,8), entre outros, o PMI da indústria tem evoluído positivamente.
Apenas na China, o indicador depois de ter atingido o valor de 54,9 em novembro de 2020, tem vindo a cair sucessivamente, para 50,6 em março de 2021.
O nível atual do PMI da indústria na Zona Euro é bastante encorajador, isto se pensarmos nas dificuldades que a região tem enfrentado com a 3ª e 4ª vagas do maldito vírus.
Em 23 de abril foi anunciado o PMI Composite Flash da zona euro deste mês, ou seja, uma primeira estimativa do que vai ser anunciado no início de maio e subiu de 53,2 para 53,7.
Caso a situação pandémica atual não piore e as economias europeias não tenham de reforçar as medidas de confinamento, a evolução deste e de outros indicadores de confiança serão fulcrais para termos evidências claras da retoma económica, tão desejada por todos.