No Chart of the Week desta semana, Artur Vieira, CFA, da Baluarte, analisa a taxa de desemprego jovem em vários países da Europa, uma das marcas deixadas pela crise.
(O Chart of the Week desta semana é da autoria de Artur Vieira, da Baluarte)
Os mais recentes indicadores económicos Europeus sugerem que os bons ventos estão cá para ficar e que a crise é tema do passado. Os principais dados divulgados mostram as economias da Zona Euro a crescer este ano a um ritmo de 2,2%, com uma inflação de 1,4%. Quando olhamos para outro dos principais indicadores económicos - a taxa de desemprego - vemos as economias da Zona Euro em níveis que se aproximam dos valores pré-crise financeira de 2007. Com base nestes dados económicos é difícil negar que estamos melhor do que no passado recente e que as perspetivas são animadoras. Mas será que podemos retomar o ponto antes da crise?
Na semana passada numa conferência sobre educação, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa pareceu não concordar com esta ideia, ao afirmar que: “A crise deixou marcas profundas, é uma ilusão achar que é possível voltar ao ponto em que nos encontrávamos antes da crise – isso não há!”. Esta declaração surgiu na mesma semana em que os principais sindicatos de professores portugueses promoveram uma greve geral para reivindicar direitos que foram suspendidos durante os últimos anos. Sendo que esta não foi a primeira greve promovida por sindicatos afetos à função pública com o intuito de reivindicar direitos suspendidos no passado.
O gráfico desta semana põe em perspetiva uma das várias marcas deixadas pelo período crítico em que as economias europeias passaram na última década: o desemprego jovem. Não é surpreendente que os países que apresentam as maiores taxas de desemprego jovem sejam também os que mais sofreram com a crise soberana europeia (ex. Grécia, Espanha e Itália). Portugal surge igualmente com números bastante preocupantes, e mesmo países como França, Bélgica e Finlândia não deixam de apresentar taxas de desemprego jovem elevadas.
A ideia de que talvez seja absurdo conseguir apressadamente voltar ao ponto onde estávamos na década passada, parece fazer sentido. É inegável que os indicadores de crescimento das economias da Zona Euro são benignos, mas talvez seja necessário analisar outros dados igualmente relevantes, de forma mais profunda, podendo dessa forma tratar agora dos temas estruturantes que presumivelmente terão um profundo impacto socioeconómico no futuro dos Cidadãos Europeus.