Space Oddity…

Jorge Silveira Botelho BBVA_noticia
Jorge Silveira Botelho. Créditos: Vítor Duarte

TRIBUNA de Jorge Silveira Botelho, CIO da BBVA AM Portugal.

Chegados ao final de mais um ano, uma das sensações mais fortes que fica é que muito daquilo que era o nosso imaginário foi sequestrado pelo real. A pandemia, a conquista do espaço, a sobrevivência do planeta, a ascensão da máquina e a longevidade humana, foram alguns dos temas que tornaram real aquilo que outrora era um domínio da ficção científica, fazendo-nos questionar *Where Are We Now?

*As The World Falls Down com pandemia, a humanidade demostrou uma capacidade única de solidariedade e superação, promovendo um dos maiores choques civilizacionais da nossa era.  

Nesse sentido, o momento alto de 2021 veio com a introdução da vacina que teve a graça de colocar muita gente a *Dancing in the Street. Apesar de ainda não podermos estar totalmente eufóricos, porque é com alguma *Sorrow que verificamos que em alguns países o acesso às vacinas é precário. Infelizmente ainda estamos *Under Pressure, com estas sucessivas mutações deste vírus *Rebel, Rebel, mas dificilmente num futuro próximo seremos impedidos de convidar alguém para *Let’s Danceou de fazer uma viagem pelo mundo de *Blue Jeans.

Mas para além disto, a pandemia trouxe-nos este choque tecnológico, que produziu imensos avanços, na mobilidade, na conectividade, na inteligência artificial, mas também originou uma corrida desenfreada à conquista do espaço, onde nasceram os novos *Star Man, como Jeff Bezos, Richard Branson ou Elon Musk.

Mas, este também foi um daqueles anos cheio de contradições e de muitas *Changes. Se é verdade que esta ânsia de descobrir se existe *Life on Mars? é hoje um dos enormes reptos do homem, não é menos verdade que é precioso ter alguma cautela em não deixar que de repente uma *Moonage Daydream se constitua numa nova ameaça para humanidade.

Uma das realidades que a pandemia expos a cru é que a tecnologia ganhou aptidões de substituir o homem em múltiplas tarefas físicas e intelectuais, a baixo custo e com assinaláveis ganhos de produtividade. Na verdade, a tecnologia evoluiu tanto que deixámos de conseguir controlar *The Width of a Circle das capacidades da máquina. Por isso, há que ter muito cuidado para não deixar *Slip Awayo essencial e embandeirar em arco com o acessório, como o pretenso risco inflacionista que recentemente ganhou uma *Fameacrescida, onde sem uma justificação útil, o transitório se tornou impaciente no boca-a-boca dos Bancos Centrais… Corremos o risco de subestimar os efeitos da tecnologia e não entender como esta se pode constituir num processo desinflacionista severo, com riscos de se transformar num *Rock n’roll Suicide para humanidade.

Com este salto tecnológico também cresceram novas ameaças geopolíticas, com a China a testar no espaço o primeiro míssil hipersónico, fazendo constatar que não vai abandonar a sua pretensão de recuperar de volta a sua *China Girl, a ilha de Taiwan.

Do outro lado do atlântico, as vozes dos *Young Americans, não surgiram tão vigorosas e conciliadoras como inicialmente se antecipava com a entrada em cena da nova administração americana, constatando-se que em certa medida as relações com a China e a Rússia se deterioram ainda mais…

Do lado positivo, esta nova administração fez questão de romper de forma convincente com o rótulo *The Men Who Sold The World ao abraçar de forma convicta a luta contra as alterações climáticas. No entanto, se por um lado, este compromisso trouxe alguns novos e importantes pontos de contacto com a China, por outro lado crispou ainda mais as tensões com a Rússia. Infelizmente, o presidente Russo tem afirmado que *I Can’t Give Everything Way, demonstrando que não está disposto abdicar do valor das suas riquezas fósseis por qualquer preço, mantendo acesa uma perigosa pressão geopolítica nas suas fronteiras e aumentando assim o risco de um *Blackout.

Mas quem fez questão de dizer que *This Is Not America foram os *All the Young Dudeseuropeus, ao assumiram a liderança do combate às alterações climáticas, fomentando o processo da transição energética e procurando tirar partido de uma das suas mais raras e mais solidas vantagens tecnológicas do velho continente. Por seu turno, as empresas europeias fizeram rumo à sustentabilidade, procurando demonstrar que é algo mais do que uma *Fashion, demonstrando que são uma referência mundial, ao procurarem assegurar também o compromisso com os valores da igualdade, da solidariedade, do *Modern Love e da governação. Mas se a Europa é agora uma *Sweet Thing isso também se deve ao enorme legado unificador e disciplinadora de Ângela Merkel, cuja sua retirada marca este final de ano e é a razão pela qual *She’s Got Medals.

Em termos globais, o que infelizmente também fica como um legado deste ano é o contínuo crescimento da *Black Star, que é a dívida global, que este ano deve ter ascendido perto dos 300 biliões de dólares. Não é por acaso que as taxas de juro reais de longo prazo transformaram-se em *Ashes to Ashes, com os 10 anos na Europa a transacionaram em terreno negativo e abaixo de -2% e nos EUA na ordem de -1%. Este processo de restruturação passiva da dívida através de taxas de juros reais de longo prazo negativas vai continuar a ser certamente ser moroso. A ilação que retiramos é que se tivermos um pouco de *Sound and Vision, facilmente entendemos que os Bancos Centrais vão ter de continuar a desempenhar o papel de *Ziggy Stardust, entoando de vez em quando umas notas mais estridentes, para encontrarem a frequência certa para continuarem a explorar os limites do espaço hipermonetário, que mais dia, menos dia também se tornará em hiperdigital.

É nesta viagem por entre o espaço hipermonetário, que antecipamos que o regime de repressão financeira está aqui para *Stay e vai continuar a manter vivo o apetite por ativos reais. Antecipamos que ao longo desta viagem, aos investidores não existe outra alternativa senão a de continuar a andar de *Station To Station, na busca desenfreada das poeiras cósmicas de valor, onde os restos de maior valor encontra-se nos ativos reais, que na prática são os únicos ativos que ainda oferecem uma perspetiva de gerarem rendimentos reais e sustentados a longo prazo, (a primeira derivada ESG: Equities, Soils & Gold).

O que é um facto, é que se quisermos prosseguir a bordo desta *Fantastic Voyage temos de estar despidos de alguns preconceitos, porque na realidade a história pouco ou nada nos pode ajudar, na medida em que somos uns *Absolute Begginers nesta aventura monetária interplanetária. Essa é a principal razão porque temos de ter cuidado em não tropeçar em anacronismos, uma vez que estes nos podem tornar excessivamente pessimistas, fazendo-nos perder os *Golden Years que ainda podem surgir pela frente…

Assim chegados quase ao fim de mais ano de pandemia e *Dancing Out in Space por entre esta quadra natalícia, há que também relembrar que este foi um ano onde muitos dos nossos *Heroespartiram para a sua última jornada.Por isso, esta é também a homenagem a todas essas novas estrelas que este ano encheram o céu, para que continuem a abrilhantar o caminho das nossas vidas.

 *“I don't know where I'm going from here, but I promise it won't be boring!”

* Obrigado David Bowie!