O balanço de 2017 e os desafios do novo ano pelos olhos de Jorge Silveira Botelho, CIO da BBVA AM Portugal, e ao som de Super Trump.... perdão, Supertramp.
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Apesar de alguns imponderáveis que se insinuavam no início deste ano, como os riscos de uma ressaca prolongada do Brexit, os disparos de “Cannonball” da Coreia do Norte, o desfecho incerto do calendário político Europeu e a imprevisibilidade dos sons dos tweets do Super Trump, não nos podemos querer despedir de 2017, apenas com um simples “Goodbye Stranger”!
Este não foi seguramente um ano para as mentes retorcidas que se deleitam debaixo do pessimismo angustiante de “Hide in Your Shell“. Na verdade, não foi preciso ser um frenético “Dreamer” para tirar partido dos mercados financeiros, deixando-nos conduzir pela melodia de “The Logical Song”, seguindo o som dos dados macroeconómicos e encantarmo-nos com as notas dos resultados empresariais. Nesse sentido, o grande desafio de 2017 em matéria de asset allocation assentou em evitar “Take the Long Way Home” e antecipar corretamente qual o compasso do Dólar, sendo que nessa matéria, não foram muitos os que tiveram a possibilidade de afirmar no final do ano, “Bloody Well Right”!
Em termos de geopolítica na Europa, Emmanuel Macron “C’est le Bon”, veio reforçar o maior ímpeto integralista de Angela Merkel e assumindo tacitamente que ela é “My kind of a Lady”. Mas o insólito continuou a ser o “Fool’s Overture” do senhor Brexit, uma vez que se esgotou a paciência para escutar o desconcertante murmurinho do “Don’t Leave Me Now”. Até o próprio Super Trump parece dar sinais de alguma indisponibilidade e de falta de paciência com a sua “Sister Moonshine”.
Quem tem insistido de forma abusiva em se fazer convidado para um “Breakfast in America“ é Kim Jong-um. Felizmente a China parece estar incomodada com os seus excessos de falta de maneiras, o que nos leva a pensar que se este não mudar de comportamento, corre um sério risco de ir parar a um “Asylum”.
A grande dificuldade é que o Super Trump não tem ajudado a serenar os ânimos, uma vez que, não deixa passar “Just a Normal Day”, sem um tweet. No entanto, em face do vigor económico e da solidez política da China, o Super Trump depressa reconheceu que precisava mais do que “Casual Conversations” para concertar posições duradouras com Xi Jinping. Por outro lado, as manipulações de eleições democráticas, o mediático “Crime of the Century”, obrigou-o a repensar as suas afinidades, desconsiderando para já a possibilidade de que a Rússia pudesse ser tratada como um “Two of Us”. Esperemos que esta relação complexa não termine em algo mais do que “Just Another Nervous Wreck”... Mas não subestimemos Super Trump! Este prepara-se para afirmar “Lord Is It Mine”, quando lhe perguntarem pelo sucesso da reforma fiscal.
No entanto, nem tudo o que acontece nesta “manta de retalhos” é fruto da manipulação das redes sociais ou dos media, a verdade é que nos tempos que correm, “Even in Quietest Moments”, emergem fenómenos como aquele que assistimos na Catalunha e de repente, damos por nós a bravejar: “It Is Raining Again”!
O maior desafio que fica para 2018 e para os anos seguintes é entender se a China continuará a afirmar-se como o verdadeiro motor económico global “From Now One”, promovendo o crescimento do comércio internacional e a expansão económica sincronizada, e enquanto assim for, dificilmente o “Soapbox Opera” político nos irá trazer grandes dissabores.
Em matéria de asset allocation em 2018 e para quem pretende apostar agora num fortalecimento do Dólar, terá de continuar a aguardar por “Better Days”, tendo em conta que está muito bem definido o que se pode esperar da FED, o que não se pode esperar do Banco do Japão, mas ainda está tudo por definir em relação ao BCE. Por outro lado, não é preciso voltar para a “School”, para perceber que o retorno esperado em crédito e em taxa de juro vai ser negativo em 2018, quer em temos reais, quer em termos nominais.
Nos mercados acionistas dos países desenvolvidos, até um “Child With Vision” já percebeu que existem valorizações demasiado exigentes em alguns setores de atividade, designadamente o setor tecnológico, que mais parece uma fantasia que “Gone To Hollywood”. No entanto, o mesmo não se pode generalizar a todos os setores, nem a todos os mercados. Enquanto não se materializarem fatores evidentes que pressionem as margens das empresas, os mercados acionistas dos países desenvolvidos deverão continuar suportados, sobretudo aqueles que detêm métricas financeiras mais atrativas, como são o caso da Europa e do Japão. Em contrapartida, é de continuar a “Give a Little Bit” de alocação aos mercados emergentes, uma vez que a procura interna em muitos destes países ganhou vida própria, mas também porque na atual conjuntura de recuperação dos preços das commodities, de um Dólar fraco e da maior previsibilidade da política monetária americana, estes dificilmente vão poder andar mal.
Por isso, “Listen To Me Please”, é despropositado o fervoroso receio sobre o excesso de valorizações nos mercados acionistas globais, uma vez que não é verdade que estejamos num pico de margens na grande maioria dos setores. Por outro lado, “Where I Stand”, grande parte do processo de rotação de ativos ainda está por ocorrer. Em face das rentabilidades esperadas negativas nos ativos de taxa de juro e com a China a começar a exportar inflação em vez de deflação, “I’m Beggin’you,” para não subestimarem o impacto da rotação das políticas económicas e as necessidades intrínsecas de investir em ativos que possibilitem retornos reais sustentados, no médio e no longo prazo.
Mas chegado o final de mais um ano, “If Everyone Was Listening”, o que importa verdadeiramente não é o saldo do vil metal, mas sim a graça de termos conhecido alguns “Supertramps” que este ano partiram e cujas suas vivências enriqueceram as nossas vidas.
“Guess I'll always have to be,
Living in a fantasy
That's the way it's got to be,
From now on” - Supertramp