Flavio Carpenzano, especialista de Investimentos, identifica quatro setores-chave de crédito que, combinados, visam um rendimento fiável com um perfil de risco/retorno atrativo. Comentário patrocinado pela Capital Group.
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TRIBUNA de Flavio Carpenzano, especialista de Investimentos na Capital Group. Comentário patrocinado pela Capital Group.
Para os investidores que se questionam sobre como devem navegar a incerteza dos mercados de obrigações, há razões para serem positivos. Os fracos retornos das obrigações em 2022 resultaram num significativo aumento das yields - e, por conseguinte, no nível mais elevado, em anos, de rendimento disponível para os investidores em obrigações. Decorridos seis meses em 2023, a situação mantém-se, com as yields das obrigações ainda muito acima dos níveis registados na última década.
À medida que avançamos para a segunda metade de 2023, acreditamos que é provável que haja mais nuances nos retornos dos setores de obrigações. Tal foi demonstrado pela recente volatilidade associada à instabilidade no setor bancário; os spreads de crédito entre os emitentes financeiros e os setores de maior yield aumentaram, mas estreitaram para os ativos de maior qualidade. Neste contexto, adotar uma abordagem multissetorial pode ajudar os investidores a captar melhor o poder gerador de rendimentos das obrigações, bem como a tirar partido das vantagens de diversificação para proporcionar fluxos de rendimento fiáveis.
Ao investir de forma ampla para diversificar riscos em vez de concentrar a exposição num setor, existe a oportunidade de gerar um rendimento elevado e atrativo e retornos mais consistentes. Como tal, identificamos quatro setores-chave de crédito que, combinados, visam um rendimento fiável com um perfil de risco/retorno atrativo: dívida de mercados emergentes, obrigações high yield, obrigações investment grade e crédito titularizado.
Dívida de mercados emergentes
Nos mercados emergentes, observamos oportunidades interessantes na dívida em moeda local. Embora a dívida em moeda local dos ME possa estar correlacionada com o sentimento de risco, os spreads de yield consideráveis e reais relacionados com os mercados desenvolvidos devem proporcionar uma proteção contra qualquer volatilidade.
Atualmente vemos mais valor em países da América Latina, como a Colômbia, México e Brasil, onde as taxas de juro foram aumentadas. Isto ajudou a manter a inflação sob controlo e apoiou as taxas de câmbio; o real brasileiro e o peso mexicano estavam entre as poucas moedas que se fortaleceram face ao dólar norte-americano no ano passado.
Obrigações high yield
Yields acima dos 8% e spreads na ordem dos 400 bps têm, historicamente, assinalado um ponto de entrada atrativo para investidores com um horizonte temporal de três a cinco anos, o que leva a retornos anualizados potencialmente fortes ao longo desse período. Os downside risks poderão ser de curta duração e os drawdowns mais baixos do que os registados em ciclos anteriores, dada a maior qualidade e melhores fundamentais do atual mercado de high yield.
A qualidade global do crédito das obrigações high yield melhorou significativamente à medida que os ratings ao nível do índice se tornaram de melhor qualidade. Esta tendência acentuou-se após a pandemia, como resultado dos fallen angels (emitentes com investment grade rebaixados para high yield) terem passado para o intervalo de rating BB (o maior rating high yield) e de as obrigações em situação de incumprimento terem saído do índice. Empresas com rating BB representam agora cerca de metade do mercado, contra cerca de um terço há 20 anos.
O mercado de obrigações corporativas high yield tem um longo registo de gerar um elevado nível de rendimento, que é o principal responsável para o seu retorno total ao longo de um ciclo de mercado completo. O setor é grande, com cerca de 1,5 biliões de dólares, e abrange uma grande variedade de indústrias e emitentes. Os investidores que se sintam confortáveis em assumir o risco mais elevado associado às obrigações high yield podem escolher entre uma gama de obrigações de qualidade variável (garantidas e não garantidas no espetro de ratings BB a CCC).
Obrigações investment grade
Obrigações corporativas investment grade (IG) constituem o maior setor no universo do crédito. São bastante diversificadas entre emitentes e indústrias e incluem títulos com maturidades em toda a curva de yields. As yields all-in são mais atrativas e estão a níveis historicamente elevados, proporcionando assim aos mercados de obrigações corporativas investment grade o potencial para gerir fortes retornos positivos nos próximos anos. Por outro lado, os spreads do crédito ainda são relativamente estreitos, tendo voltado a cair para os mesmo níveis que tínhamos no início de 2023. A estes níveis, não têm em conta o risco de recessão, que aumentou este ano, juntamente com o agravamento da incerteza no setor bancário.
As atuais yields globais atrativas, juntamente com o aspeto de maior duração do setor, significa que as obrigações corporativas investment grade continuam a ser uma área atrativa para o mercado de obrigações numa base ajustada ao risco.
Crédito titularizado
O crédito titularizado é um setor pouco estudado, pelo que uma análise aprofundada pode muitas vezes permitir aos analistas identificar oportunidades de investimento mal avaliadas. O setor tem um nível de rendimento mais elevado do que o das obrigações corporativas investment grade, embora ofereça normalmente características semelhantes de preservação de capital.
As diversas oportunidades de investimento incluem ativos garantidos, real estate comercial, hipotecas não emitidas por agências e subsetores de empréstimos colateralizados. Muitos dos drivers fundamentais são diferentes do crédito corporativo e soberano, trazendo diversidade ao portefólio.
Conclusão
Não há dúvidas de que existem oportunidades interessantes nas obrigações e, segundo um estudo recente realizado pela Capital Group, cerca de 280 intermediários financeiros no Reino Unido revelaram que 60% esperam um aumento da confiança nesta classe de ativos este ano.
No geral, o papel das obrigações foi recuperado e estão a ser vistas como uma importante fonte de rendimento e diversificação. Será interessante ver como esta tendência continua no contexto das atuais condições de mercado.