Ver para lá do consenso

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Didier Saint-Georges. Créditos: Cedida (Carmignac)

TRIBUNA de Didier Saint-Georges, managing director e membro do comité de investimento estratégico, Carmignac. Comentário patrocinado pela Carmignac.

Poucas dúvidas restam hoje em dia: as valuations atuais dos mercados de ações podem ser apelidadas de “ricas”.  Pode argumentar-se que enquanto as taxas de juro continuarem muito baixas, o prémio de risco das ações continuará bastante elevado e, portanto, as avaliações continuarão ok. Uma realidade verdadeira para os EUA, mas ainda mais para a Europa.

Se olharmos para os múltiplos de preços/lucros ajustados ciclicamente, fica difícil não assumir que, pelo menos tendo em conta as medidas históricas, as valuations estão muito esticadas... particularmente num sector: o da tecnologia.

As valuations são um indicador bastante importante a ter em conta no potencial de performance de longo prazo, claro, mas é uma referência que, historicamente, se tem mostrado um guia pobre de decisões de investimento quando o prazo é mais curto.

Os dados históricos não deixam mentir, como visível abaixo. Quando os mercados negoceiam com um CAPE de mais de 30x, que é o caso atual nos EUA, é quase certo que o retorno dos próximos 10 anos não será assim tão bom. Mais concretamente entre -5% e +5%.

Fonte: Carmignac, Bloomberg, 04/21

A mensagem é clara: não se deve confiar nos índices de mercado para ter um bom retorno. A geração de alfa e a gestão do risco têm de ser os principais drivers de performance: A maré já não elevará todos os barcos.

Esta é uma primeira lição a retirar, mas há uma segunda não menos importante. Quando se olha para os retornos a um ano a começarem a partir de níveis muito caros (linha a verde do gráfico anterior), o que se verifica é que historicamente estão dispersos por um período muito largo. Ou seja, a dispersão de retornos no curto prazo depois de períodos muito caros é de facto muito amplia. Segunda lição a anotar: as valuations dizem muito pouco sobre o que fazer no curto prazo.

Para onde olhar então no curto prazo?

Para se conseguir então encarar da melhor forma o curto prazo é preciso perceber o que se pode esperar hoje. Estamos numa fase final de ciclo de mercado, em que logicamente os mercados se podem tornar um pouco mais “nervosos”.  Isto porque a determinado ponto as expetativas de crescimento económico irão passar para uma próxima fase - o início de uma desaceleração, com a inflação ainda presente, ou seja, uma espécie de “estagflação”, como a vivida em 2018.

Neste sentido, desde o mês passado que mantivemos um perfil de risco mais prudente nos nossos portfólios Patrimoine, dada a exuberância geral vivida.

Contudo, é uma fase final de ciclo um pouco diferente: temos uma eminente reabertura da economia – que já aconteceu nos EUA – mas também o grande impulso fiscal protagonizado por Joe Biden. Contudo, um possível amortecedor para o curto prazo poderá ser o facto de a administração Biden estar, de facto, a anunciar demasiado rápido os seus planos. Para além disso, o próximo “Plano de famílias Americano”, apresentado em breve, poderá marcar “o pico do estímulo fiscal” na mente dos investidores. Depois disso, o foco pode mudar para a reforma fiscal anunciada por Janet Yellen (que significará aumentos de impostos) e, por isso, uma mudança de sentimento relativamente às ações.

Estas observações fazem-nos manter a “espinha dorsal” da nossa construção de portefólio dos últimos meses: no curto prazo as ações que podem beneficiar da reabertura da economia podem continuar a escalar mais alto, por isso precisamos de nos manter nesse espetro, mas ao mesmo tempo queremos manter uma duração modificada de zero ou negativa em fixed income, bem como a presença de ações growth de elevada qualidade.

Uma visão diferente do consenso

Uma das ideias que quero passar é que cada empresa deve ser analisada tendo em conta os seus méritos específicos. Essa é a essência da geração de alfa, especialmente quando falamos do segmento de tecnologia, onde maiores disrupções podem mudar os fundamentais principais de uma empresa.

O fundamental é selecionar as ações nas quais, depois de uma análise profunda, é possível formar uma visão diferente do consenso, possibilitando julgar se o preço definido pelo mercado subestima ou sobrestima a geração de cash flow no médio prazo da empresa.

Fonte: Carmignac, Bloomberg, 04/21

Nesse sentido, encontramos algumas empresas no espetro da tecnologia onde o potencial de crescimento dos lucros é, a nosso ver, subestimado pelo mercado nesta altura. Isto está refletido na construção do Carmignac Portfolio Patrimoine.

O Carmignac Portfolio Patrimoine é um subfundo da Carmignac Portfolio SICAV, uma sociedade de investimento constituída ao abrigo da legislação luxemburguesa, em conformidade com a Diretiva OICVM. Os Fundos são registados junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O período mínimo de investimento recomendado no fundo é de 3 anos. A escala de risco do fundo é de 4. Escala de risco do DFI (Dados fundamentais para o investidor) de 1 (menor risco) a 7 (maior risco). O risco 1 não implica um investimento sem risco. Este indicador poderá mudar com o tempo. Principais riscos do Fundo: AÇÕES: Alterações no preço das ações, cuja extensão depende de fatores económicos externos, do volume de títulos negociados e do nível de capitalização da empresa, podem ter um impacto negativo no desempenho do Fundo.TAXA DE JURO: O risco de taxa de juro traduz-se numa diminuição do valor patrimonial líquido no caso de uma variação das taxas de juro. CRÉDITO: O risco de crédito corresponde ao risco de o emitente não ser capaz de cumprir as suas obrigações. TAXA DE CÂMBIO: O risco cambial está associado à exposição, mediante investimentos diretos ou de instrumentos financeiros a prazo, a uma moeda diferente da moeda de referência do Fundo.  PERDA DE CAPITAL: A carteira não oferece qualquer garantia ou proteção do capital investido. A perda de capital ocorre quando uma participação é vendida a um preço inferior ao preço de compra.

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