Yellow Submarine

Jorge Silveira Botelho_BBVA_noticia
Jorge Silveira Botelho. Créditos: Vítor Duarte

“From me to You”, este foi o ano que percorremos juntos esta inesquecível “The Long and Winding Road” e onde aprendemos, “Here, There and Everywhere”, a dar valor àquilo que temos.

Este foi o ano em que tivemos “Eight Days a Week” confinados num tempo e num espaço, onde submersas as nossas opções, limitámo-nos muitas vezes apenas a abrir uma janela e a gritar, “Good Day Sunshine”! Para variar, ao cair da noite também íamos para à varanda, mas desta feita para agradecer a todos aqueles que estavam na linha da frente a defender as nossas vidas. Houve também daqueles dias, em que a escuridão da noite e a solidão nos enchia de melancolia e ficávamos empoleirados à janela a olhar para o céu, à  procura da  “Lucy in  the Sky With Diamonds”.

Mas Infelizmente para muitos, o “Yesterday” tornou-se distante porque a pandemia não estava “For No One” e fez estragos irreversíveis na vida de muita gente.  Enquanto alguns conseguiram algum conforto “While My Guitar Gently Weeps”, muitas ainda precisam de todo o apoio para  “Don’t Let Me Down” e seguirem com as suas vidas.

Este ano começou com “Something” que nos fez lembrar como é precário o equilíbrio do planeta, onde na Austrália assistimos inquietos a um dos maiores incêndios “In  My Life”. Depois,  testemunhámos perplexos, o recrudescimento das tensões entre os EUA e o Irão. Tivemos dois temas sociais muito relevantes, que podem vir a ser um bom prenúncio de como se nós “Come Together” muita coisa pode mudar no pós pandemia. O primeiro foi a morte de George Floyd, um “Blackbird” que voou em direção ao céu depois da sua vida ter sido covardemente arrancada, sem uma justificação útil. O segundo momento do ano, ao qual ninguém pode ficar indiferente, foi quando o Papa Francisco disse que a igreja não pode  excluir  e acrescentou que, “I Want to Hold Your Hand” a todos aqueles que têm sido excluídos.

Depois tivemos os Bancos Centrais e os Governos que nos disseram que “We Can Work it Out”. Apesar de assumirem que “Can`t Buy Me Love”, garantiram-nos que estavam connosco “Any Time At All”. Foi então que alguns se aperceberam que apesar de todo o dinheiro e toda liquidez “You´ve Got to Hide Your Love Away”, porque esse continua a ser um bem escasso.

Que o diga Donald Trump, que  depois de se sentir “I`m a Loser” e de ter ficado um “Nowhere Man” no pós eleições americanas, ainda tem de aturar todos rumores que correm a propósito da sua “Lady Madona”. As más línguas dizem que “She`s Leaving Home”, inclusivamente dizem que ela quer regressar ao passado, ou seja, “Back to USSR”...

Para não variar, tivemos também “A Hard Day `s Night” do Brexit, que tanto envergonha este grupo de Liverpool. Os Beatles cantavam no bairro de “Penny Lane” uma melodia com uma letra que falava de uma canção triste mas que podia ser melhorada, “Hey Jude”. Provavelmente o Brexit, resume-se também a uma história de uma canção triste e inacabada, em que certamente vai chegar o momento em que alguém grita por “Help”... Mas independentemente do Brexit, a Europa encontrou o seu caminho. “Within You Without You”, criou os alicerces de uma verdadeira partilha de riscos, revestidos por uma estratégia económica que pretende apagar a pegada de carbono, com todo o investimento na emancipação energética que tem por base “I´ll Follow the Sun”.

O grande momento do ano foi o “Here Comes the Sun” com a chegada das vacinas. A partir dessa  altura os mercados descontaram que “It Won`t Be Long” para chegar o fim da pandemia. A grande estrela do ano foi a Tesla, que comprou um “Ticket to Ride”. Aqueles que compraram um Tesla e passeiam-se todos contentes a “Drive My Car”, deveriam ter mas era gasto o dinheiro do carro nas ações da empresa, que se valorizaram mais de 700%!

Por tudo isto, este foi um ano singular e que provavelmente vai abrir espaço para um dos maiores saltos civilizacionais da história da Humanidade “Across The Universe”, porque dificilmente vamos encontrar um compromisso tão profundo de superação coletiva. “Tomorrow Never knows”, mas é muito possível que venhamos a assistir a uma profunda transformação da sociedade moderna que não tem “Get Back”. A interdisciplinaridade da sustentabilidade, nas diferentes vertentes tecnológicas, energéticas, sanitárias e sociais, vai induzir uma verdadeira “Revolution” nos modelos económicos vigentes. A necessidade de se financiar as implicações deste novo modelo sustentável, tem para já o compromisso dos Bancos Centrais, os quais já nos vieram assegurar que “I Feel Fine” com  as taxas de juro baixas durante um período “Long, Long, Long”.Então, quando insistentemente vos perguntarem se é para vender os  ativos de risco para o próximo ano? Não fiquem “No Reply”, digam que não há alternativas e que o melhor é simplesmente, “Let it Be”

Chegados por fim a esta quadra maravilhosa do ano, esta é uma altura, em que mais do que nunca, não nos podemos esquecer de prestar solidariedade.  Esta é também uma época de reflexão. Primeiro porque, apesar de confinados e submersos na escuridão dos oceanos, conseguimos abrir o portão e ver as cores, ao imaginar um “Yellow Submarine” a iluminar um caminho pouco evidente. Segundo, porque semeamos novas culturas mais sustentáveis, ao ponto de que quando nos interrogarmos sobre “A Day in the Life” num próximo Natal distante, não vamos ignorar como esta pandemia  acabou por desviar a trajetória das nossas vidas e nos arrastou para um mundo melhor. Nunca mais nos vamos esquecer como “With a Little Help From My Friends”, sejam eles terrestres ou celestes, sentimos o calor que nos abraça e que nos faz perceber que “All We Need is Love”.

I wake up to the sound of music,

Mother Mary comes to me

Speaking words of wisdom, let it be…

- Beatles