Os cinco erros mais comuns na hora de planear a reforma

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Créditos: Matt Bennett (Unsplash)

A gestora Natixis IM realizou um novo estudo sobre segurança financeira na reforma. O inquérito contou com 1.167 pessoas que atingiram o milhão de dólares ou mais em ativos investíveis. As conclusões indicam que 35% dos inquiridos dizem que vão precisar de um milagre para se reformarem com segurança, enquanto 58% aceita que terá de trabalhar mais do que o planeado. 38% acredita que será difícil chegar ao fim do mês sem as ajudas públicas. O estudo salienta, então, quais são os fatores mais importantes a ter em conta no planeamento da reforma para evitar cometer erros. São cinco:

Planear o impacto da inflação nas poupanças

Dado o atual contexto económico, não é de estranhar que considerem que subestimar o impacto da inflação é o principal erro no planeamento da reforma. “Após uma série de 20 anos com pouca ou nenhuma inflação, este fator pode ter sido fácil de ignorar e é igualmente difícil de prever no futuro. Mas os planos de reforma devem ter em conta esta variável desconhecida, reconhecendo que as despesas irão geralmente aumentar com o tempo”, indica a empresa. 

Fazer uma estimativa real dos anos de reforma, tomando 20 anos como referência

Outra incógnita que também tem um papel importante nos erros de planeamento: subestimar quanto tempo se viverá. “Ao longo do tempo, os nossos inquéritos demonstraram que os investidores acreditam que vão viver cerca de 20 anos na reforma. Duas décadas podem ser um bom ponto de partida, mas muitas pessoas vão viver mais tempo. De facto, a OCDE informa que a esperança média de vida depois dos 65 anos nos países do G20 atingiu os 21,3 anos para as mulheres e os 18,1 anos para os homens entre 2015 e 2020. Entre 2060 e 2065, estima-se que as mulheres viverão mais 25,2 anos para além dos 65 e os homens viverão outros 22,5 anos. Esta é a média. Muitos irão ultrapassar estas marcas. É melhor planear para mais anos do que para menos”.

Não sobrestimar a quantidade de rendimentos que os ativos irão gerar

Os profissionais financeiros dizem que sobrestimar os rendimentos e retornos que os ativos irão gerar é outro erro. “Aqui é onde a fórmula de 4% é uma lição poderosa. Por exemplo, em 2015 perguntamos a 1.000 participantes dos planos de contribuição definidos nos Estados Unidos quanto retorno anual podiam obter de um fundo de um milhão de dólares mantendo os ativos durante 30 anos. Apenas quatro em cada dez responderam 4%. Outros 17% disseram 8%. No geral, 43% pensou poder ficar com 10% ou mais e ainda assim manter os seus ativos. Estabelecer um objetivo de retornos realista é outro passo fundamental no planeamento da reforma”. 

Ser conservador quanto ao risco assumido nas carteiras

O risco pode ser frequentemente visto como algo negativo, como as perdas que os investidores podem sofrer em 2022, mas o risco tem o seu lado reverso: a recompensa. “Em geral, os reformados devem ser mais conservadores quanto ao nível de risco das suas carteiras. Mas os profissionais financeiros dizem que pode haver demasiadas vantagens. O próximo grande erro que veem nos planos de reforma é os reformados serem demasiado conservadores nos seus investimentos. Para muitos reformados, a preservação dos ativos é um objetivo primordial, mas com a inflação emergente, é importante garantir que os retornos dos investimentos possam superar os custos de vida, sendo necessária uma abordagem ponderada do risco”.

Ter em conta os custos dos cuidados de saúde e dos cuidados a longo prazo

Segundo os profissionais financeiros, as expetativas de retorno pouco realistas são outro erro crítico. “A nossa própria investigação mostra que as expetativas podem estar já desfasadas em relação aos mercados. Em 2021, os investidores de alto património disseram que esperavam uma rentabilidade a longo prazo de 14,6% acima da inflação. Isto foi, naturalmente, antes da elevada inflação de 2022 e depois de um retorno de 18% para o S&P 500, mas os profissionais dizem ser mais realista os investidores esperarem 9% acima da inflação”, concluem.