Os dividendos mundiais recuperarão da crise provocada pela pandemia em menos de dois anos. Segundo estimativas do Janus Henderson Global Dividend Index, os dividendos mundiais voltarão aos seus máximos prévios à pandemia no final de 2021. Na verdade, com o crescimento do terceiro trimestre, o índice de dividendos da Janus Henderson situa-se atualmente apenas cerca de 2% abaixo do seu máximo do primeiro trimestre de 2020.
Um histórico aumento no terceiro trimestre
Graças ao aumento dos lucros e a solidez dos balanços, no terceiro trimestre do ano as distribuições de dividendos avançaram a um ritmo record de 22% interanual na taxa subjacente. De tal forma que alcançaram um máximo histórico para este trimestre de 403.500 milhões de dólares.
Este total aumentou cerca de 19,5% em termos gerais. Com isso, o índice de dividendos da Janus Henderson situa-se atualmente apenas cerca de 2% abaixo do seu máximo prévio à pandemia no primeiro trimestre de 2020.
À escala mundial, 90% das empresas aumentou os seus dividendos ou manteve-os intactos. Trata-se de um dos números mais sólidos desde que o índice foi criado. Na opinião da gestora, revela bem a rápida normalização dos dividendos à medida que a recuperação mundial continua em curso.
A excecional solidez dos números das distribuições do terceiro trimestre, juntamente com a melhoria das perspetivas para o quarto, levaram a Janus Henderson a melhorar as suas previsões para o ano completo. Esperam agora um crescimento de 15,6% na taxa geral. Isto situará as distribuições de 2021 num novo record de 1,46 biliões de dólares.
A gestora antecipa que os dividendos mundiais terão recuperado em apenas nove meses a partir do seu mínimo em plena pandemia, registado no final de março de 2021. Espera-se que o crescimento subjacente das distribuições se situe em cerca de 13,6% em 2021.
O retorno dos castigados na pandemia
Um dado curioso é quem está por detrás dessa melhoria substancial. O setor mineiro mundial é o que mais contribuiu para o crescimento da remuneração ao acionista no terceiro trimestre. A subida dos preços das matérias primas deu lugar a lucros record para muitas empresas mineiras. Mais de dois terços do crescimento interanual dos dividendos mundiais no terceiro trimestre foram provenientes deste setor. Cerca de 75% das empresas mineiras do índice Janus Henderson duplicou, no mínimo, os seus dividendos em comparação com o terceiro trimestre de 2020. O setor repartiu o extraordinário número de 54.100 milhões de dólares em dividendos no terceiro trimestre. É o número mais alto num só trimestre, mais do que o anterior record para todo o ano, alcançado em 2019. A BHP será a empresa que mais dividendos distribuiu em 2021 à escala mundial.
O setor bancário também contribuiu de forma significativa. Sobretudo porque muitos reguladores levantaram as restrições à distribuição de dividendos e porque as deteriorações de valor dos empréstimos foram inferiores ao previsto. “Aumentámos a nossa exposição a estes setores durante o ano passado, e ficamos contentes de ver como os acionistas estão a beneficiar deste aumento nas distribuições”, conta Ben Lofthouse, responsável de Global Equity Income na Janus Henderson.
A recuperação por geografia
A tendência do retorno dos mais atrasados também se repete a nível geográfico. As zonas geográficas afetadas pelos maiores cortes de dividendos em 2020 e as mais expostas ao auge da mineração ou ao restabelecimento dos dividendos bancários experimentaram uma rápida recuperação. Austrália e o Reino Unido foram os grandes beneficiários de ambas as tendências. A Europa, determinadas partes da Ásia e os mercados emergentes também registaram notáveis incrementos nas distribuições na taxa subjacente.
As regiões do mundo como o Japão e os EUA, nas quais as empresas não cortaram em excesso os seus dividendos em 2020 exibiram, como é de esperar, um crescimento inferior à média mundial. Contudo, os dividendos das empresas norte-americanas avançaram cerca de 10% notando-se até um novo record no terceiro trimestre. A solidez do terceiro trimestre implica que as maiores empresas chinesas também vão a caminho de oferecer uma remuneração ao acionista record em 2021.