Os ETFs e a democratização da alocação de ativos

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A ‘batalha’ entre a gestão passiva e a gestão ativa tem ocupado muitos títulos de jornais. Mas será esta relação efetivamente uma batalha ou apenas a evolução natural da gestão de ativos na era da informação e da globalização? As opiniões divergem, mas os três selecionadores 2de fundos portugueses que se juntaram à mesa com Pedro Coelho da UBS ETF para discutir o tema veem esta nova dinâmica como bem-vinda em favor de uma mais eficiente e transparente gestão de ativos. “Nós, na IMGA somos grandes defensores da gestão ativa e não vejo os nossos gestores a enveredarem por uma maior preponderância da gestão passiva do que temos atualmente”, comenta Ricardo Líbano, selecionador na entidade. A utilização de ETFs na casa é por si identificada de dinâmica, mas o peso desta no universo de investimento depende da classe de ativos e da capacidade dos gestores ativos em cada segmento de mercado de superarem os seus benchmarks. “Na minha opinião a gestão ativa vai continuar a existir e a ter o seu papel, mas o gap com a gestão passiva vai continuar a estreitar, de forma exponencial, por enquanto. O que aprecio especialmente no universo de gestão passiva é que este conjunto de instrumentos permitiu um acesso mais vasto e mais fácil a classes de ativos que antes não estavam universalmente disponíveis para os investidores. A capacidade para uma adequada alocação e dinâmica nos investimentos melhorou muito com estes veículos”, explica o selecionador, expondo uma opinião que Pedro Coelho complementa: “Deu-se a democratização da2f alocação de ativos”.

Em concordância com o profissional da IMGA, André Pinto, selecionador na BPI Gestão de Activos, apresenta-se como um defensor da gestão ativa, mas vê a casa de investimentos para a qual trabalha a usufruir cada vez mais da diversidade de soluções que a gestão passiva proporciona. “Os ETFs de obrigações, por exemplo, especialmente nos segmentos mais curto prazo, têm ganho relevância nas nossas carteiras”, comenta. Contudo, André Pinto salienta também um fator importante: as necessidades do cliente. “Vemos especialmente entre os clientes institucionais uma maior preocupação com os custos da carteira. Em consequência, usamos mais ETFs. Vemos também clientes que procuram carteiras com menos tracking error, e os ETFs respondem a essa necessidade. Neste sentido acho que a gestão passiva terá que crescer mais do que a gestão ativa. No longo prazo, acredito que irão ficar os melhores dos melhores na gestão ativa. Não vai haver espaço para tanto fundo ativo como existe hoje em dia”.

Guilherme Onofre Piedade, da Caixagest, por outro lado, observa uma tendência muito marcada atualmente no mercado. “Eu acho que a gestão ativa se está a adaptar e vai continuar a adaptar-se. Vemos uma redução de custos não só do lado da gestão passiva, mas também da gestão ativa. Vejo cada vez mais entidades gestoras ativas que cobram flat fees e estã3fo a esmagar as margens. Neste sentido, acredito que o crescimento dos ETFs irá continuar, mas não sei se será ao mesmo ritmo como o ocorrido nos últimos anos. Se em cima disso as gestoras ativas conseguirem entregar algum valor, acho que o mercado vai ficar mais difícil para a gestão passiva”. Por outro lado, Ricardo Líbano relembra a inovação que se tem verificado, estimulada pelo preço. “Algumas casas de gestão ativa não querem deixar de o ser, mas querem ter uma oferta com comissões mais baixas, pelo que encontram soluções que se posicionam a meio caminho entre o ativo e o passivo”. Por outro lado, André Pinto acrescenta que “o mercado tem mudado não só pela via do custo, mas também por via da forma. A quase totalidade dos fundos de gestão ativa não podem ser transaccionados de forma expedita. Há que esperar sempre pelo cut-off. Acho que a gestão ativa poderá seguir o caminho que alguns fundos já seguiram nos EUA e serem cotados em bolsa, por exemplo”.

Os três selecionadores à mesa agradecem a inovação e expansão da oferta, enquanto que Pedro Coelho, na perspectiva do provider, procura dar resposta e presencia em primeira mão todo o processo de inovação. Este destaca especialmente a classe de ativos de obrigações. “Na UBS ETF temos tentado inovar onde o mercado é ainda pobre em oferta. No segmento de rendimento fixo, por exemplo, lançámos os primeiros ETFs de smart beta em obrigações. Falo, por exemplo, de estratégias de dívida de mercados emergentes em moeda local, com base em fatores ‘carry’ e ‘momentum’. Inovamos sobretudo para proporcionar aos nossos clientes as ferramentas para uma gestão e alocação eficaz e eficiente, e não replicando produtos que já existem”, conclui.