Os fundos sustentáveis experienciam as suas primeiras saídas líquidas trimestrais a nível mundial

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Créditos: Elizabeth Lies (Unsplash)

De acordo com os números do último relatório de fluxos da Morningstar, os fundos sustentáveis mundiais experienciaram saídas líquidas trimestrais, pela primeira vez na história, no quarto trimestre de 2023. Os investidores retiraram 2.500 milhões de dólares. No conjunto de 2023, os fundos sustentáveis mundiais atraíram 63.000 milhões, face aos 161.000 milhões de 2022.

O universo global de fundos de investimento e ETF sofreu saídas no valor de 17.000 milhões de dólares no último trimestre de 2023, em comparação com a entrada de 14.000 milhões do trimestre anterior.

Análise por regiões

Na Europa, os fundos sustentáveis resistiram mais e obtiveram 3.300 milhões de dólares de dinheiro novo líquido no quarto trimestre, graças aos fundos passivos, que captaram 21.300 milhões. No entanto, os fundos sustentáveis geridos ativamente perderam cerca de 18.000 milhões. No trimestre anterior, foram captados 11.800 milhões. No conjunto do ano, os fundos sustentáveis europeus captaram 76.000 milhões de dólares. Em comparação, os fundos convencionais europeus sofreram saídas anuais de 50.000 milhões.

Outros mercados que registaram entradas foram a Ásia ex-Japão, com 77 milhões de dólares no último trimestre, mitigando a perda de 1.100 milhões de dólares do trimestre anterior. Os fluxos na Austrália e Nova Zelândia continuaram com a sua recuperação, visto que os fundos sustentáveis locais atraíram 567 milhões.

Nos EUA, os investidores retiraram o número recorde de 5.000 milhões de dólares dos fundos sustentáveis americanos no último trimestre, quase o dobro dos 2.700 milhões de dólares registados no trimestre anterior, o que leva ao número total de saídas em 2023 de 13.000 milhões. No Japão, os resgates líquidos do último trimestre de 2023 alcançaram os 1.200 milhões de dólares, quase 40% mais do que as saídas do terceiro trimestre. No Canadá, os reembolsos líquidos entre fundos sustentáveis também dispararam para 151 milhões de dólares, quase o triplo dos novos fluxos de 52 milhões de dólares registados no trimestre anterior.

Ativos e lançamentos

Os ativos mundiais de fundos sustentáveis aumentaram 8,2%, para 3 biliões de dólares, no final do quarto trimestre, face aos 2,7 biliões do trimestre anterior, num contexto macroeconómico heterogéneo que engloba o final de um ciclo de endurecimento das taxas, o auge da Inteligência Artificial e o aumento dos riscos geopolíticos e de recessão entre algumas das principais economias mundiais.

Estima-se que 121 novos fundos sustentáveis tenham sido adicionados à oferta mundial no quarto semestre, o que supõe um ligeiro aumento relativamente aos 114 lançamentos no terceiro trimestre de 2023. É provável que estes números sejam revistos, de acordo com a Morningstar.

O abrandamento do desenvolvimento de novos produtos sustentáveis deveu-se, sobretudo, a uma redução significativa dos lançamentos de novos fundos sustentáveis na Europa, quase metade em comparação com o ano anterior. O desenvolvimento de produtos nos EUA também se manteve no seu mínimo histórico, com apenas sete novos lançamentos, e foi heterogéneo no resto do mundo.

Casas líderes em investimento sustentável

A BlackRock (incluindo a iShares), a UBS AM (incluindo a Credit Suisse) e a Amundi (com a Lyxor) lideram a classificação global das casas com mais ativos sustentáveis. Essa mesma classificação repete-se no caso de apenas ser tida em conta a gestão passiva. Na gestão ativa, a Amundi ocupa o primeiro lugar, seguida da Natixis e da UBS AM.