Os gestores não confiam numa subida e continuam a temer uma segunda vaga do vírus

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Photo by Luis Cortes Martinez on Unsplash

Os mercados notaram um certo alívio após a brutal correção de março, mas os gestores mantêm o pé apoiado no travão. Segundo o último inquérito a gestores, realizado pelo Bank of America, 68% acredita que estamos num rally temporário dentro de um bear market. Só um em cada quatro acredita que estamos num bull market. Pelo terceiro mês consecutivo, o que mais os preocupa é uma segunda vaga do coronavírus.

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Este sentimento de cautela pode verificar-se no facto de os níveis de liquidez continuarem em níveis máximos. É certo que baixaram face ao mês de abril, de 5,9% para os 5,7% atuais, mas está ainda muito acima da média dos últimos 10 anos nos 4,7%. Assim, o indicador do BofA Bull & Bear sobre os níveis de cash mantém-se firme em 0,0, tipicamente um sinal contrarian de compra para os ativos de risco.

Também estão a refletir essa aposta nos ativos refúgio nas suas carteiras. De novo, a mudança mensal no posicionamento do investidor mostra uma clara preferência por obrigações, ainda que as ações voltem a estar positivas. Assim, o dinheiro volta a olhar para os ativos de risco, mas com diferenciação. Viram-se entradas em ativos norte-americanos, do setor das telecomunicações e até bancos. Na comparação histórica pode ver-se esse viés para setores como a saúde e a elevada exposição a obrigações e liquidez.

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Mas os gestores cortam em ativos da zona euro, mercados emergentes, e consumo básico. É notória também a confiança em que o value continue a resentir-se face ao growth. 23% dos gestores acredita que o value terá piores resultados que o growth. A última vez que tantos gestores opinavam assim foi em dezembro de 2007. Assim, a aposta mais concorrida é estar longo em tecnologia e growth norte-americano, que superou largamente a aposta no tesouro norte-americano.

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As suas perspetivas sobre a economia servem de termómetro para os próximos meses. A realidade é que atualmente os gestores estão mais negativos do que positivos. Apenas 10% defende que a recuperação terá forma de V enquanto 75% vê uma subida do crescimento com forma de U ou W.

Quem está a comprar, então? Os hedge funds. Em maio moveram-se com uma exposição longa líquida de 34%. É uma subida grande que lhes devolve quase aos níveis de fevereiro e janeiro de 2020. Este aumento de 15 pontos percentuais é a maior mudança mensal desde junho de 2018.