Os mercados preveem uma recessão na Europa. É um alerta ou uma oportunidade?

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A nuvem de desconfiança do investidor que paira sobre a Europa aproxima-se do seu segundo aniversário. O dinheiro fugiu dos ativos do Velho Continente de forma contínua desde março de 2017. De facto, em fevereiro deste ano viveu-se o pior mês de saídas desde janeiro de 2008, segundo dados da Morningstar compilados pela Schroders. “Os mercados estão a prever uma recessão na Europa”, declara Nicholetter MacDonald-Brown, responsável de ações europeias na Schroders.

A sua afirmação justifica-se com dois gráficos. O mercado de swaps está a prever taxas negativas para os próximos 60 anos e as valorizações do quintil mais alto por qualidade estão em máximos históricos, desde a época da bolha das dot.com.

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É um sentimento justificado? Há dois argumentos a favor. Por exemplo, o facto de que o crescimento da zona euro abrandou enquanto o comércio na região se debilitou. Uma tendência que acelerou no último ano e meio. Por agora foi, sobretudo, o setor industrial que liderou o arrefecimento. Na zona euro, o pico de descida foi notório. O problema é que agora os PMI do setor dos serviços também estão a cair.

Essa seca de crescimento criou distorções no mercado. As ações growth e de qualidade negociam com um prémio significativo, muito superior até ao ano antes da crise. Pense em quem têm sido os vencedores do ano na Europa: Nestlé, AB-InBev e a LVMH. Três valores consolidados, mas a que preço? “O pouco crescimento está a negociar na perfeição”, afirma a gestora.

Historicamente, é a pior era para o value:

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Também é preciso fixar nos poucos raios de luz no mercado. Colleran, deteta-os nos PMI da zona euro, que se aproximam de um ponto de inflexão, e nos empréstimos a 12 meses tanto em lares como no setor privado, que se mantêm resistentes.

Para um investidor, a chave muitas vezes é a margem de oportunidade. Na Europa, apesar da melhoria de margens, espera-se muito pouco. Claro que faltará um catalisador. “Agora que o crescimento entre a Europa e os Estados Unidos convergiu, o prémio das ações americanas é muito maior. Podem chegar surpresas positivas de uma região barata como está a Europa” defende a gestora.

Será crucial distinguir entre o que parece barato e o que realmente está. A equipa da Schroders opta por utilizar dados de preço/lucros ajustados ciclicamente (CAPE) para ter uma imagem mais real. Estas são as zonas do mercado europeu onde se escondem as oportunidades:

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