Gerido por Yerlan Syzdykov desde 2000, o Amundi Funds Emerging Market Bond - fundo Blockbuster Funds People - é um dos fundos bandeira da casa de investimentos francesa e uma estratégia de investimento que explora as ineficiências de mercado num universo de investimento diverso e rico em idiossincrasias. “Na nossa perspetiva, os mercados emergentes são apenas semi-eficientes e estão frequentemente ‘mispriced’. A nossa filosofia de investimento em mercados emergentes é simples: investimento no longo-prazo, temos uma abordagem value e uma consciente assumpção do risco. Consideramos sempre os riscos que estão embebidos nos investimentos e olhamos para a construção da carteira numa perspectiva de gestão do orçamento de risco”. Assim explica Dino Debic, especialista de investimentos sénior de Mercados Emergentes na Amundi, numa conversa com a Funds People.
Para o especialista da Amundi, uma adequada aplicação da filosofia de investimento assenta nos vastos recursos da entidade gestora no universo de mercados emergentes. “Temos onze analistas de crédito dedicados a estes mercados, bem como outros cinco membros da equipa entre economistas e estrategas. Estas duas equipas auxiliam os gestores na tomada de decisão. É importante para a equipa ter uma sensibilidade mais local, já que falamos de um universo composto por cerca de 70 diferentes economias”.
No que se refere à gestão do risco, Dino Debic destaca uma ferramenta desenvolvida internamente que permite que se “assuma o risco da forma que verdadeiramente se quer assumir. Isto significa que para cada estratégia e ativo que entra no portefólio, são analisados e monitorizados diariamente em termos de risco e alfa esperado, bem como ao nível da correlação. Queremos evitar a sobre-exposição a cada risco individual e evitar estar expostos ao mesmo fator de risco através de diversas posições. No fundo, trabalhamos para optimizar o risco que estamos a assumir. Queremos que seja o mínimo possível para o retorno que procuramos atingir. Um portefólio verdadeiramente diversificado”, explica o especialista.
Universo de investimento
Apesar da gestão do fundo ser executada em relação a um benchmark, o universo é “muito mais vasto” do que este. Emissões soberanas e crédito em moeda forte, dívida em moeda local, distressed debt e leveraged loans são alguns dos exemplos. “Todo o espectro de subclasses de ativos em mercados emergentes poderá estar representado no portefólio”. É o gestor que decide quais são as melhores oportunidades em cada ponto do tempo. E nesta seleção dos ativos a investir, o processo não fica menos diligente. “Somos principalmente gestores top-down, mas tentamos encontrar o alfa também numa perspectiva bottom-up. A primeira fase do processo de investimento é a análise macro. Aqui tentamos perceber o que se está a passar no mundo. EUA, Europa, Japão e China são o foco da nossa análise no sentido de perceber o que se está a passar e termos de política monetária, trocas comerciais, ciclo de commodities… porque são estas as economias que dirigem o crescimento mundial”, explica Dino Debic.
Depois de compreender o cenário a uma escala global, a equipa mergulha na análise regional e ao nível de cada país individual. Por fim, a análise sectorial. Que setores poderão mostrar melhor performance em cada momento do ciclo económico? Querem posicionar-se mais defensivos? Ou se o mercado está em modo risk-on, que setores poderão beneficiar mais? São algumas das perguntas que a equipa responde ao longo do processo. “Nem todos os mercados estão na mesma fase do ciclo económico, pelo que temos que ser seletivos. Na Amundi, na equipa de mercados emergentes, gerimos tanto o equity como o crédito. Quando trazemos as duas abordagens para as reuniões com as empresas ficamos com uma ideia muito mais clara do que está a passar. Além disso, isto permite-nos avaliar em que ponto da estrutura de capital nos queremos posicionar”, explica o especialista da Amundi.
O exemplo do Brasil no fundo
“Não existe uma única fórmula a aplicar nos diferentes cenários e períodos. No caso do Brasil, temos uma posição longa. É uma posição de consenso entre os investidores. É um país que atravessa um bom momento económico, mas onde enfrentamos algum risco de execução como resultado da implementação da reforma do sistema de pensões. Compramos dívida soberana? Sim. Estamos a comprar o upside, caso a reforma seja implementada. No entanto, vemos riscos nesse processo e não queremos ter uma exposição total aos mesmos. Assim, posicionamo-nos estrategicamente longos, mas um pouco curtos em relação ao benchmark. Por outro lado, na componente de crédito corporativo estamos longos face ao benchmark. Temos uma exposição pelas duas vias resultante da nosso processo de análise”, explica Dino Debic. Porém, alerta: “Este é o resultado da nossa análise do país em específico, e nada diz acerca do nosso posicionamento global”. Para o especialista, cada caso é um caso e cada uma das 70 economias no universo de investimento é analisada segundo as suas idiossincrasias. Uma análise que os recursos da Amundi permitem executar.