O relatório Fund Manager Survey de fevereiro reflete um otimismo crescente em relação à Europa, uma confiança moderada no crescimento global e um mercado que continua a favorecer ações em detrimento de outros ativos.
O mais recente Fund Manager Survey (FMS) do Bank of America revela um aumento do otimismo sobre a economia europeia. 45% dos inquiridos espera que a região registe um crescimento mais forte nos próximos 12 meses, um aumento significativo em relação aos 9% do mês anterior e o nível mais alto registado desde maio do ano passado.
Os gestores de fundos consideram que o estímulo fiscal alemão e a flexibilização do Banco Central Europeu (BCE) serão os principais catalisadores dessa melhoria económica. Em relação à inflação, 59% dos inquiridos espera uma descida da inflação na Europa, uma perspetiva mais otimista do que têm para o cenário global, onde apenas 4% antecipa uma redução da inflação.
Otimismo global mais moderado
A nível global, o otimismo é mais cauteloso. 2% dos inquiridos acredita que o crescimento global desacelerará nos próximos 12 meses. A maioria (52%) prevê uma soft landing da economia mundial, enquanto 36% não espera uma recessão, e 6% teme uma hard landing.
Relativamente à economia dos EUA, as expetativas são mistas. 45% dos gestores acredita que a administração de Trump terá um impacto positivo no crescimento mundial, embora essa percentagem tenha diminuído em relação aos quase 60% do mês passado. Além disso, 55% dos inquiridos considera que as políticas norte-americanas vão levar a um aumento da inflação, enquanto 4% antecipa uma subida nas yields das obrigações a 10 anos.
A guerra comercial continua a ser o principal risco para os mercados (39%), seguida pelo aumento das taxas da Fed (31%).
Expetativas positivas para as ações europeias
O relatório destaca que 66% dos inquiridos espera ganhos adicionais no curto prazo para as ações europeias, e 76% projeta um crescimento positivo nos próximos 12 meses. Além disso, muitos investidores veem a Europa como o mercado acionista com melhor desempenho global em 2025.
Os bancos passaram a ser o setor mais sobreponderado na Europa pela primeira vez desde julho de 2023, enquanto as empresas de pequena capitalização continuam a ser pouco favorecidas. A Alemanha mantém-se como o mercado mais atrativo, enquanto a Suíça é o menos apreciado pelos inquiridos.
Preferência por ações: Europa sobre EUA
A nível global, os investidores demonstram uma forte convicção nas ações, adotando uma estratégia de "long equities, short everything else".
Os níveis de liquidez caíram para o nível mais baixo desde 2010 (3,5%), enquanto a exposição acionista está a rodar para a Europa e para setores sensíveis às obrigações. Em termos macroeconómicos, o medo de uma recessão global atingiu o nível mais baixo dos últimos três anos, com 52% dos inquiridos a esperar uma aterragem suave e apenas 6% a prever uma recessão severa.
77% dos inquiridos prevê cortes das taxas da Fed, com 51% a antecipar pelo menos dois cortes. Na alocação de ativos, as ações continuam a ser a principal aposta, com 35% sobreponderado, enquanto obrigações e liquidez perdem atratividade.
As posições longas nos EUA diminuíram, com 89% dos inquiridos a considerar que as ações norte-americanas estão sobrevalorizadas, o nível mais alto desde abril de 2001. Por outro lado, a exposição às ações europeias atingiu o seu nível mais elevado em oito meses, enquanto as posições curtas no Reino Unido alcançaram um máximo em onze meses.
Apesar do otimismo em relação à China, os mercados emergentes continuam a não gerar confiança.
Mudança nas estratégias para os EUA
Apesar da redução das posições longas nos EUA, a estratégia "Long Mag7" continua a ser a mais popular. No entanto, as expetativas dos investidores estão a mudar. As classes de ativos que se espera que tenham melhor desempenho em 2025 incluem:
- Ações globais (34%)
- Ouro (22%)
- Ações dos EUA (18%)
Quanto aos índices acionistas, os mais promissores são:
- EuroStoxx (22%)
- Nasdaq (18%)
- Hang Seng (18%)
Por fim, as estratégias contrarian perfilam-se para um aumento das posições em liquidez e obrigações para proteger contra uma desaceleração económica inesperada, a redução das posições em ações bancárias nos EUA e Europa, e uma aposta na bolha da IA através de posições longas em mercados emergentes e tecnologia chinesa.