Pedro Lino (Optimize IP): “A alocação diversificada em empresas tecnológicas com impacto na transformação digital permitiu que o fundo tivesse uma performance muito positiva”

Pedro Lino Optimize
Pedro Lino. Créditos: Vítor Duarte

Em linha com a análise que a FundsPeople tem vindo a fazer sobre a performance dos fundos geridos por entidade nacionais em 2023, continuamos nos multiativos. O Optimize Disruption Fund Institucional vence na categoria de alocação flexível, com 25,47% de retorno no último ano. Esta estratégia tem como ativo de eleição as ações, podendo alavancar a sua exposição a esta classe de ativos até um máximo de 130%. Por outro lado, pode também investir em obrigações, instrumentos do mercado monetários ou fundos de investimento imobiliário, o que o encaixa na categoria de alocação flexível. Alinhada com a filosofia do fundo, as ações do setor tecnológico norte-americano foram o foco no ano que passou.

Questionado sobre os fatores que mais influenciaram o desempenho positivo do fundo, Pedro Lino, CEO da Optimize Investment Partners, refere que um dos principais “foi a descida das taxas de juro que tinham pressionado muito as empresas disruptivas”. Este fator provocou um impacto significativo na performance do fundo, já que o mesmo tinha sido “bastante penalizado em 2022 com a subidas das mesmas”. Mesmo assim, o profissional acredita que os investidores devem ser mais seletivos num futuro próximo, dado que “as restrições ao nível do financiamento das empresas disruptivas continuam, em virtude das taxas de juro elevadas”.

Outro fator determinante prende-se com a alocação diversificada do fundo em empresas tecnológicas, que Pedro Lino considera que virão a ter impacto na “transformação digital e que permitiu ao fundo ter uma performance muito positiva em 2023”.

Tecnologia vs renováveis 

Também o contexto macroeconómico e o comportamento dos mercados tiveram bastante influência na tomada de decisões estratégicas. O setor tecnológico, como já referido, foi aquele que mereceu a maior atenção por parte da gestão do fundo. Assim, um dos acontecimentos a que o profissional da Optimize Investment Partners faz referência, tem que ver com a falência do banco americano Silicon Valley, no primeiro trimestre de 2023, e que “afetou algumas empresas tecnológicas de menor dimensão”, impactando também a banca americana. Contudo, “a partir do momento em que a inflação continuou a descer de forma sustentada, percebeu-se que as restrições financeiras iriam aliviar e com isso o interesse dos investidores manteve-se forte”, refere. Situação inversa no que diz respeito às empresas ligadas às energias renováveis. Segundo o CEO, “o nível de taxas de juro mais elevado provocou atrasos na inovação e implementação da transição energética” porque, e explica, “muitos projetos dependem de financiamento ou apoios estatais”. 

Sobre o futuro, o profissional da Optimize Investment Partners apresenta boas perspetivas para este fundo de alocação flexível. O principal foco continuará a ser o setor tecnológico e crê que os tempos serão favoráveis nesse campo. “O fundo tem excelentes condições para continuar a valorizar tendo em conta que a tecnologia irá continuar a liderar esta transformação da sociedade mundial”, afirma Pedro Lino. O profissional menciona, ainda, a Inteligência Artificial como um motor de aceleração do crescimento em muitas empresas inovadoras, “algo que foi já visível na segunda metade de 2023”, particularmente “num cenário de desglobalização do comércio físico”, conclui.