Mais uma vez a a Schroders promoveu um inquérito online independente – o Global Investor Study - a mais de 25 mil investidores de 32 países, desde a Austrália, ao Brasil, passando pela França, Alemanha, Japão, mas também Portugal, sendo a definição de investidor, no universo do estudo, aquele que investirá pelo menos 10.000 euros (ou o equivalente) nos próximos 12 meses e que fez alterações nos seus investimentos nos últimos 10 anos.
As conclusões são diversas e muito interessantes. Por um lado, os investidores não estão satisfeitos com o desempenho dos seus investimento. No entanto, estes mesmos investidores mantêm expectativas de retorno alinhadas com o rendimento que pretendem obter e não com a realidade do mercado. Estão patentes também nos resultados do relatório viés comportamentais muito estabelecidos, como é a tendência para investir nos mercados mais próximos, ou a tendência para ajustar rapidamente as carteiras em períodos de incerteza.
Já entre os investidores portugueses o Global Investor Study da Schroders, mostra que os portugueses mantêm os investimentos menos tempo do que o recomendado. O horizonte médio de investimento dos portugueses é de 2.3 anos, um valor ligeiramente abaixo da média global (2.6 anos) e da média europeia (2.6 anos), ou seja, cerca de metade do período recomendado, de cinco anos. 43% dos investidores portugueses mantêm os investimentos por menos de um ano. Em termos geográficos, os investidores do Japão, dos EUA e do Canadá são os mais pacientes, com períodos de manutenção de, pelo menos, quatro anos, o que compara com o período de 1.3 anos que caracteriza os investidores argentinos, os menos pacientes.
Mas são os millennials portugueses que se apresentam menos pacientes do que os mais velhos. Os primeiros mantêm, em média, os investimentos durante 2.0 anos, enquanto os segundos o fazem, em média, durante 3.4 anos. No entanto, metade dos millennials (50%) entende que o maior perigo associado aos seus investimentos é não assumir o risco suficiente para alcançar os objetivos de investimento desejados. Metade dos portugueses inquiridos partilha da mesma ideia.
A volatilidade de 2018
Os resultados do estudo mostram também que a maioria dos investidores globais (70%) fez mudanças imediatas ao perfil de risco dos seus investimentos durante os três últimos meses de 2018. Na mesma linha, dois terços dos portugueses perderam o rápido rally de recuperação dos ativos de risco em 2019 e ajustaram também rapidamente as carteiras (66%), movendo, no entanto, os ativos para soluções de menor risco (37%), a mesma percentagem que a nível global. Contudo, os investidores europeus, de uma forma geral, preferiram fazê-lo para ativos de maior risco (38%), acima daqueles que preferiram os ativos de menor risco (35%). Apenas 28% dos investidores portugueses moveram os seus ativos para investimentos de alto risco.
Como referido anteriormente e à semelhança dos resultados globais, a abordagem de curto prazo e o perfil conservador do investidor português contrasta com as expectativas de retorno. Os investidores portugueses esperam um retorno total de 10.4% (rendimento e valorização de capital) por ano, nos próximos cinco anos, uma ligeira subida na já ambiciosa perspetiva de 10.1%, afirmada há um ano. Estes números estão alinhados com os dos investidores globais, que esperam retornos anuais de 10.7% e que são, por isso, mais otimistas do que os correspondentes europeus, que esperam em média um retorno de 9.0%, ao ano. Como resultado deste desajuste das expectativas com a realidade dos mercado, de acordo com o estudo, metade dos investidores portugueses (51%) sente que não alcançou os objetivos de investimento nos últimos cinco anos.
Sobre este tema, Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha alerta para a necessidade de um ajuste de expectativas e comenta que o retorno médio do índice S&P 500 é de menos 8%, desde o seu início, em 1957, sendo, por isso, “muito importante que os investidores mantenham expectativas moderadas e um horizonte de investimento longo, assegurando uma adequada dispersão do risco, para que consigam alcançar os seus objetivos de investimento”.
Estratégias de investimento
O estudo demonstra que 45% dos investidores portugueses entende que a melhor estratégia para alcançar os objetivos é a diversificação, optando por recorrer a fundos multiativos, com um portfólio distribuído por múltiplos mercados, regiões e estratégias. O estudo revela também que os fundos temáticos que geram maior interesse junto dos portugueses são os que estão relacionados com Saúde (50%) e Tecnologias Disruptivas (50%). Os fundos dedicados à Economia da Longevidade (46%), Sustentabilidade (46%) e Consumo (46%) também são populares.
Quando questionados sobre a exposição geográfica dos investimentos, apenas 28% dos investidores portugueses opta por investir a maior parte do seu portfólio no seu país de origem. 30% entende que investir em mercados emergentes pode ser benéfico para o portfólio, mas outros 23% acha os mercados emergentes demasiado arriscados para o seu portfólio. De qualquer forma, quase um terço (31%) dos investidores portugueses gosta de ter uma abordagem de investimento diversificada geograficamente no seu portfólio de investimentos.