Pictet Global Environmental Opportunities: GARP aplicado ao meio-ambiente

Luciano Diana, Gabriel Micheli e Yi Du Pictet gestores
Luciano Diana, Gabriel Micheli e Yi Du. Créditos: Cedida (Pictet AM)

Uma forma inteligente de investir em ações de forma global. Assim define a equipa o Pictet Global Environmental Opportunities a sua proposta de valor. Este fundo temático da Pictet AM investe em ações de forma global, mas exclui a parte de mais risco da economia e proporciona oportunidades geradas pelos provedores de soluções ambientais.

Cabe recordar que este fundo com Selo FundsPeople 2021 pela sua dupla classificação de Blockbuster e Consistente está em soft close desde março deste ano. A Pictet AM está a tentar travar entradas de grandes volumes, protegendo os interesses dos investidores atuais.

 A equipa formada por Luciano Diana, Gabriel Micheli e Yi Du define o seu estilo GARP (Growth at Reasonable Price na siglas em inglês). Ou seja, procuram empresas de crescimento mas com valorizações aceitáveis. Por isso, a carteira tem um enviesamento para a qualidade. Os gestores evitam ativamente as valorizações extremas. Outra consequência é um elevado active share face ao índice.

 O elemento único desta estratégia é que o marco do seu universo de investimento e as oportunidades que encontram se delimitem com base nos limites planetários do Centro de Resiliência de Estocolmo (Stockholm Resilience Centre). Face a outros homólogos da sua categoria que se fixam em fatores como as emissões de CO2, consumo de resíduos, o Pictet GEO atende aos nove aspetos meio-ambientais necessários para a estabilidade do ecossistema. Isto é: mudança climática, acidificação, contaminação química, mudanças de uso do solo, destruição do ozono, aerossol atmosférico, mudanças no ciclo de nitrogénio, perda de biodiversidade, mudanças no ciclo de fósforo e esgotamento do fornecimento de água doce. O fundo aplica uma auditoria ecológica que estabelece a pegada ambiental em cem sub-indústrias. As empresas que contribuem demasiado para estas forças criam uma pressão considerável sobre o planeta e não são consideradas para inclusão na carteira.

Numa segunda fase procuram as empresas que desenvolvem produtos e serviços que marcam uma diferença na reversão da degradação meio-ambiental. A cada uma alocam valor de pureza temática (proporção do valor empresarial, receitas ou lucros de exploração de produtos e serviços ambientais). Este deve ser no mínimo de 20%. Depois de aplicar ao universo,  resultando numa análise fundamental, o resultado é uma carteira de 50 ações de baixa pegada ecológica. É uma carteira diversificada mas centrada em negócios com lucros de exploração e rentabilidade sobre recursos próprios maiores do que o índice mundial MSCI e maior percentagem de I+D sobre receitas.

Processo de investimento do Pictet Global Environmental Opportunities

Embora o fundo procure crescimento secular, a carteira tende a ter um enviesamento para a qualidade. Tentam ativamente ficar longe das valorizações extremas. Também evitam empresas em novas tecnologias pouco rentáveis, como hidrogénio verde ou captura e armazenamento de CO2, nos quais estamos ainda nas primeiras etapas. Também não lhes interessam empresas com tecnologias de elevada valorização. De facto, a valorização representa 50% do seu processo de investimento.

Relativamente ao índice, os maiores pesos estão em indústrias e tecnologias. Não têm exposição ao setor financeiro, energia convencional, serviços de comunicação, nem consumo básico. Para além disso, preferem uma exposição indireta a emergentes.

Também contam com um ligeiro enviesamento para títulos de grande capitalização nos últimos anos. Isto deve-se ao facto de as empresas estabelecidas de capitalização de 10.000 milhões ou mais serem mais propensas a investir agressivamente em I+D, ou seja, em inovação, que é o que procuram.

Atualização do Pictet Global Environmental Opportunities

O segmento de melhor comportamento este ano chegou a ser o de gestão de resíduos e reciclagem, beneficiando-se da recuperação. Também a silvicultura sustentável, com os preços record da madeira. As empresas de contentores também se estão a sair muito bem num mercado em recuperação.

Têm aumentado posições em centros de dados eficientes e embalagens sustentáveis, que também devem beneficiar da recuperação, assim como a telemedicina. E têm diminuído posições em energia eólica depois de resultados dececionantes. Para além disso, as empresas de semicondutores chegaram a corrigir depois de um sólido comportamento no ano. Embora o plano de infraestruturas de Biden deva ser favorável para provedores de tecnologia de parques solares, provavelmente há que esperar meses antes de se conhecerem os detalhes.

Em qualquer caso, as perspetivas para o tema ambiental parecem promissoras em 2021 para os gestores. Os governos da Europa, China e agora também dos EUA – os três principais blocos económicos do mundo- estão alinhados no apoio a tecnologias  destinadas a fazer as suas economias mais eficientes, menos intensivas em recursos e mais sustentáveis. Para além disso, as empresas continuam a investir em inovação, com maiores economias de escala e menores custos em muitas tecnologias ambientais. A eletrificação e digitalização no transporte, fabricação, edifícios e construção, estão a acelerar-se, o que beneficia provedores de soluções em energia renovável, eficiência energética e economia desmaterializada.