Embora parecesse que os ETFs iam sobrepor-se aos fundos indexados, desde 2015 que estes últimos produtos recuperaram força e registaram fortes entradas de dinheiro que lhes permitem manter o pulso com os fundos cotados pela liderança na gestão passiva.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Embora se fale dos ETF como instrumentos veiculares para canalizar o investimento em gestão passiva, na realidade, existem outros produtos dos quais se fala menos e que, contudo, assumem a liderança a nível de ativos sob gestão. Trata-se dos fundos indexados, produtos que têm um grande impulso na Europa. Tanto é assim que, de todo o volume que a indústria gere a nível europeu, 7% está em fundos indexados, face aos 6% que se investe em ETFs. Ou seja: atualmente, na Europa, há mais dinheiro em fundos indexados do que em fundos cotados. A grande diferença entre eles é a evolução registada ao nível de fluxos.
Desde 2004, em ano nenhum os fundos indexados registaram fluxos líquidos anuais superiores aos dos ETFs, o que permitiu aos fundos cotados situarem-se num nível patrimonial muito semelhante ao dos fundos indexados, rivalizando com a supremacia no âmbito da gestão passiva. Enquanto os ETFs registaram todos os anos entradas líquidas de dinheiro desde 2004, no caso dos fundos indexados a tendência foi muito diferente. Entre 2008 e 2014, todos os anos, à exceção de 2012 que se registaram ligeiras captações líquidas positivas, os fundos indexados registaram saídas de dinheiro na Europa. Em 2008 e 2009 o volume de reembolsos total ultrapassou os 100.000 milhões.
Até 2015, tudo parecia indicar que os ETFs se iriam tornar no novo veículo de excelência para capturar o interesse dos investidores pela gestão passiva. Os ETFs não faziam mais do que crescer em ativos e os fundos indexados a perdê-los. No entanto, a partir desse ano, o cenário mudou para os fundos indexados. De repente, estes produtos voltaram a atrair fluxos a nível europeu. Naquele ano captaram aproximadamente 50.000 milhões; em 2016 pouco mais de 30.000; em 2017 quase 40.000 e, em 2018, os últimos dados da Lipper mostram que as entradas líquidas rondam os 20.000 milhões. O que explica este interesse repentino pelos fundos indexados? Porque é que estes produtos estão outra vez na moda?
Segundo Detlef Glow, responsável de Análise da Lipper para a EMEA na XVII European Fund Distribution Landscape Seminar organizado pela Accelerando Associates, a razão é muito simples. “A evidência académica nos últimos anos veio a reforçar a ideia de que, se for um investidor que move pouco a carteira, os produtos de gestão passiva irão permitir-lhe gerar uma rentabilidade melhor. O problema é que a alguns investidores institucionais europeus não lhes é permitido comprar ETFs, pelo que se veem forçados a utilizar os fundos indexados. Além disso, algumas plataformas não têm sistemas para operar com ETFs, por isso, muitos investidores não têm outra opção se não recorrerem aos fundos indexados”.
Embora muitos investidores acreditem que os ETFs e os fundos indexados são a mesma coisa, na realidade, não é bem assim. Existem entre eles, sete diferenças muito óbvias. Os investidores que podem escolher em que produtos investir, devem tê-las muito presentes para ficar com o veículo que melhor se adapte às suas necessidades.
O mais importante que devem ter em conta é o TER e os fatores que o determinam. Tal como indica Aitor Jauregui, responsável da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra, para escolher bem o produto é preciso dois fatores: o montante da ordem e do horizonte temporal. “É fundamental analisar o TER antes de realizar o investimento. Para uma exposição estrutural a longo prazo o fundo indexado pode ser mais eficiente, enquanto para posições táticas ou operações intradiárias o ETF pode ser mais apropriado”.
É uma conclusão a que chega após um estudo detalhado de vários fatores: o custo que representa operar, quanto entra o veículo por empréstimos de títulos, qual deles tem um tratamento fiscal mais favorável na cobrança de dividendos…
“A primeira coisa que o investidor que dê preferência pela gestão passiva tem de fazer é saber qual é o índice que quer replicar. No caso de dispor de ambos os produtos, o passo seguinte será focar-se nas limitações regulatórias de cada um (fiscalidade, se é ou não um veículo UCITS, etc), com o objetivo de escolher aquele que melhor se adapte à sua política de investimento. Se ambos fossem aptos, seria a altura de prestar atenção às restrições operativas (preço interno de ter de operar em mercado secundário ou em NAV, a liquidez de cada um…). Uma vez passada essa barreira, o investidor deverá focar-se no veículo que melhor replica o índice (análise do tracking error, tracking difference, custos de entrada e saída, qual tem mais receitas pelo lado do empréstimo de títulos, qual retém menos na cobrança de dividendos…)”, revela.
Fazendo a soma do custo e dos rendimentos que o produto gera por cada conceito poderá determinar qual o veículo mais conveniente em cada momento.