2019 será recordado como um ano muito positivo para os mercados de ações, que registaram subidas de duplo dígito, mas também como um dos rallies menos aproveitados da história. Segundo dados da Refinitiv, em seis dos primeiros oito meses do ano, os fundos de ações registaram saídas líquidas que superaram os 20.000 milhões de euros. Entre março e junho aproximaram-se dos 50.000. Apenas na reta final do ano, influenciados pelos lucros que as ações registaram, decidiram voltar a tomar posições. No total, entre janeiro e novembro as saídas de dinheiro de fundos de ações ascenderam aos 23.500 milhões.
Porque é que os investidores europeus venderam ações em 2019 quando estas subiram? O que explica este comportamento? De acordo com Detlef Glow, diretor de Análise para EMEA da Refinitiv, muitos investidores ainda estavam chocados com a forte queda dos mercados de valores no quarto trimestre de 2018, pelo que aqueles que aguentaram e participaram do rally registado pelas ações a princípios do ano começaram a desfazer posições após os mercados subirem em janeiro. “As saídas aceleraram enquanto os mercados voltavam em março e abril aos seus antigos máximos”, explica o especialista. Isto é: quando o investidor recuperou as perdas de 2018, vendeu.
Segundo Glow, a descida sofrida em março pelos mercados levou os investidores a vender, ao esperar uma nova tendência bearish como consequência da guerra comercial entre os EUA e a China. “Quando os mercados recuperaram em junho, os investidores voltaram às ações em julho, mesmo a tempo da próxima queda das ações, o que poderá ter consumido os pressupostos de risco dos investidores mais prudentes, provocando um pico nas saídas dos fundos de ações em agosto. À medida que o aumento das ações continuou em setembro, outubro e novembro, os investidores europeus encontraram a confiança necessária para comprar ações e participar desta subida”.