Portugal coloca 4 mil milhões a uma taxa de 2,05% em novo leilão de OT

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Num novo leilão de Obrigações do Tesouro, com data de vencimento em outubro de 2028, o Estado Português colocou 4 mil milhões de euros a uma taxa de juro de 2,05%. O montante pretendido situava-se entre os três e os quatro milhões de euros, pelo que o valor obtido foi ao encontro do desejado pelo Tesouro. A procura, por sua vez, ascendeu a 17,2 milhões de euros.

Recorde-se que a taxa de juro do último leilão de Obrigações do Tesouro a 10 anos (realizado em novembro de 2017) se fixou nos 1,939%. Ainda assim, Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, considera que “a comparação com a anterior emissão serve de referência, mas não totalmente, porque a dívida emitida hoje vence em outubro de 2028, ou seja, daqui a 10 anos e 10 meses”. De facto, o profissional adianta que a diferença de dez meses é significativa, estando esse facto “refletido na taxa, que saiu em linha com o mercado e em linha com os spread de emissões que vencem entre 2025 e 2030”.

Quanto à emissão em si, Filipe Silva destaca a procura bastante forte e a taxa registada, que considera ser baixa para um prazo longo. “Há poucos anos Portugal só conseguia emitir com taxas nos 4 ou 5%. Atualmente, se olharmos para todas as  últimas emissões já se veem muitas emissões com taxas abaixo dos 3% ou mesmo 2%”, ressalva. A taxa de 2,05% é, assim, uma ótima notícia para Portugal, uma vez que “consegue fazer o rollover da dívida, financiando-se a custos cada vez mais baixos”.

No entanto, para Filipe Silva os pontos positivos deste leilão não se esgotam na taxa registada: “Tão positivo como a taxa foi a forte procura: Portugal é dos países com um risco não muito elevado que paga melhor a quem nos empresta dinheiro. Daí a procura ter sido muito superior à oferta”, afirma.

Gestores de fundos representam quase 40% da distribuição total

Os dados publicados pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP revelam que os gestores de fundos representaram 37,9% da procura, enquanto que os segundos maiores grupos foram os Bancos/Bancos Privados, com 37,2% e as Seguradoras/Pensões, com 17,2%. Os Bancos Centrais, por sua vez, representaram apenas 2% da procura.  

Em termos de região geográfica, o Reino Unido e França/Itália/Espanha foram as regiões em destaque, com 35% e 30,4% procura, respetivamente. Já Portugal representou 12,4% da procura, sendo a terceira região em evidência.