No seu risk outlook de outono a CMVM destaca os indicadores de risco que evidenciam um desequilíbrio dos mercados de ações e obrigações soberanas.
No final do terceiro trimestre de 2016, a diferença entre a earnings yield (inverso do rácio de price-to-earnings) do mercado de ações na Europa e a yield de obrigações soberanas a 10 anos moveu-se no intervalo entre 2,5% e 4,9%. A exceção a este contexto, refere a CMVM no seu risk outlook de outono, foi Portugal, com um valor negativo de 2,5%. Segundo o regulador “isto poderá indicar um desequilíbrio dos mercados de ações e obrigações soberanas, talvez justificado pelo baixo nível das yields de obrigações”
Culpa dupla
No caso de Portugal, este indicador acima referido mostra, com algumas exceções, um valor negativo significativamente grande desde 2011. Explicam que “isto tem origem principalmente no elevado risco de default percebido pelos investidores, relativamente à dívida soberana, mas também na queda relativamente acentuada dos resultados das empresas que fazem parte do mercado de ações nacional”.

Relativamente ao value-at-risk, principalmente influenciado por flutuações da volatilidade, não será de estranhar que as perdas potenciais enfrentadas pelos investidores nas ações norte-americanas desde meados de 2015 sejam muito mais baixas que as relativas às ações europeias.

O PSI20 mostra um value-at-risk que evidencia uma maior potencialidade de perdas potenciais depois do Brexit (o que também foi observado no pico da crise financeira), “mas desde agosto de 2016 manteve-se entre os 15 e 20%, relativamente aquém do valor relativo ao EuroStoxx50”.
A dividend yield média das ações do PSI20 mostra, por seu turno, “uma tendência crescente desde o início de 1999”. O prémio de risco, por outro lado, “manteve-se em torno dos 8,4% entre 1999 e 2015 (9.1% em 2015)”.