Portugal foi ao mercado com uma emissão de dívida de 750 milhões de euros a 14 anos e 500 milhões de euros a 9 anos.
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Pela primeira vez em 2021, Portugal foi ao mercado com uma emissão de dívida que amontoou 1.250 milhões de euros repartidos numa emissão de 750 milhões de euros a 14 anos e 500 milhões de euros a 9 anos. “O risco de Portugal bem como dos países da periferia europeia, têm vindo a descer para mínimos, movimento que foi mais acentuado no último trimestre de 2020", comenta Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa.
Este movimento, diz o profissional, tornou possível voltar a baixar as taxas na emissões realizadas. "Na emissão a 9 anos e face ao último leilão comparável a taxa baixou dos 0,329% para os -0,012%, no leilão a 14 anos a taxa foi de 0,319% sendo a mais baixa de sempre para esta maturidade. O COVID-19 fez com que os Bancos Centrais tivessem de aprovar planos de estímulos sem precedentes para suportar cada uma das diferentes economias". Na Europa, o pacote aprovado de cerca de 1,8 biliões de euros "explica bem este movimento, os países, empresas e famílias, necessitam de suporte o que significa que para já iremos continuar a ter taxas baixas, pois um movimento inverso poderia deitar por terra a recuperação desejada. Para Portugal também é bastante importante conseguir emitir dívida de longo prazo com taxas baixas e o panorama atual, tem-no permitido, mas tal não seria possível sem o devido suporte do BCE”, conclui o profissional do Carregosa.
No que se perspetiva a evolução ao longo 2021, Pedro Vieira, CFA, da IMGA comentava que ao nível das taxas de juro, antecipa "um steepening das curvas nos EUA e na Europa, com a melhoria do contexto macro, sendo que a mesma não deverá ser muito pronunciada dados os programas de compra de ativos por parte dos bancos centrais, que poderão ser reforçados na parte longa da curva. O movimento de estreitamento dos spreads da periferia na Zona Euro deve manter-se, mas de uma forma menos acentuada que nos últimos meses".
Na mesma linha, a equipa da DWM do Millenium BCP antecipa para as obrigações "uma underperformance face a ações, considerando um cenário de recuperação económica robusta. Dito isto, esperamos uma subida apenas ligeira das yields em 2021, devido à manutenção de políticas ultra-acomodatícias por parte dos bancos centrais. A dívida pública continua a ser o ativo de refúgio mais fiável, mas o nível extraordinariamente baixo de yields reduz significativamente o potencial de retornos absolutos e traz desafios à diversificação de uma carteira multi-ativos. Dentro das várias sub-classes de obrigações, vemos um maior potencial de retornos no crédito, sobretudo o High-Yield, devido ao nível relativamente superior de yields/spreads (ainda que historicamente baixo), sendo que o ambiente deverá continuar relativamente confortável num cenário de recuperação económica e de suporte continuado por parte dos bancos centrais".