Esta é uma das principais conclusões do Schroders Global Investor Study 2018 onde está patente o risco de as populações estarem a subestimar o rendimento que necessitarão para a reforma.
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Mais uma vez a Schroders divulga os resultados do Schroders Global Investor Study, um estudo onde foram inquiridos mais de 22 mil investidores de 30 países e onde estão patentes as concepções que a população portuguesa, europeia e global fazem daquele que poderá vir a ser o nível de conforto financeiro que terão na sua reforma. As conclusões são diversas e, como aponta Carla Bergareche, diretora-geral da Schroders para Portugal e Espanha “existe o risco real das pessoas estarem, globalmente, a subestimar a proporção do rendimento de reforma que necessitarão de alocar às despesas essenciais do dia-a-dia e o montante de que precisam para viver confortavelmente na sua reforma, em particular no atual contexto de baixo retorno e crescimento da inflação”.
Especificamente sobre Portugal, a diretora-geral da Schroders comenta que “uma parte significativa dos portugueses está a assumir que, na reforma, vai necessitar de apenas uma pequena parte do seu salário atual, mas não haverão soluções mágicas, mesmo que as suas expectativas sejam baixas. Para evitar circunstâncias mais complicadas durante a reforma, precisam de reconhecer que é preciso começar a poupar tanto quanto possível e o mais cedo possível. Deixar estas poupanças para quando tiverem 50 ou 60 anos será demasiado tarde para colmatar o diferencial que têm nas suas poupanças”.
Conclusões do estudo
Uma das primeiras e mais relevantes conclusões do estudo é que “as pessoas que se aproximam do fim da vida profissional, a nível global, esperam gastar em média 34% do seu rendimento de reforma em despesas base, quando na realidade, e de acordo com os atuais reformados, são necessários em média cerca de 50%”. Entre os portugueses envolvidos neste estudo, “a discrepância é semelhante, já que a sua expectativa é, em média, de que 28% do montante da sua reforma seja suficiente para cobrir as despesas quotidianas, um valor significativamente abaixo do revelado pelos já reformados, que dizem precisar, em média, de 45% para lhes fazer face. Viagens e cuidados de saúde (para os próprios e as suas famílias) são as duas áreas seguintes mais representativas em que os portugueses preveem gastar o seu rendimento: os que estão ainda no ativo assumem que, em média, 30% do total dos seus rendimentos anuais se vão dirigir a estas duas vertentes (15% a cada), o que representa um pouco mais do que os 25% que gastam nelas os já reformados (12% para viagens e 13% para saúde)”.
Já no que se refere ao montante que os portugueses acima de 55 anos - que se preparam para entrar na reforma - consideram necessário para viver confortavelmente, estes revelarem expectativas notoriamente mais baixas. Esta discrepância existe, mesmo quando comparamos a expectativa portuguesa com a europeia (72%), já que os portugueses preveem necessitar de apenas 46% do seu rendimento anual.
Já no que se refere aos rendimentos anuais esperados, os portugueses divergem da média. Enquanto globalmente e na Europa, os reformados contam com um rendimento anual inferior àquele que as pessoas ainda no ativo pensam que vão necessitar para viver confortavelmente durante a reforma, Portugal surge como uma exceção, “já que os reformados dispõem, em média, de 26% mais do que preveem os ativos com mais de 55 anos quando considerada a percentagem do seu salário atual”. Contudo o estudo conclui que para 15% dos reformados a nível global o valor da reforma não é suficiente para viverem confortavelmente, sendo que em Portugal, 18% partilham desta opinião.
Menos de metade (43%) dos inquiridos reformados admite que um pouco mais de rendimento seria bem-vindo, uma percentagem que é de 59% em Portugal – o país onde este número é mais elevado em toda a Europa. Enquanto globalmente, uma média de 42% afirma ter rendimento de reforma suficiente para viver de forma confortável, apenas 22% dos portugueses considera que o valor da reforma lhes permite esta vida confortável.
A realidade
Globalmente, os reformados estão a receber em média 61% do seu último salário anual. Os portugueses estão acima da média europeia no que diz respeito ao montante da reforma disponível, recebendo em média 72% do seu último salário. Isto significa que “o rendimento na reforma, enquanto percentagem do último salário, é relativamente maior face a outros países, mas que as expectativas dos que ainda não estão reformados relativamente ao montante de que vão precisar para viver confortavelmente durante a reforma são comparativamente baixas (46% em média, comparativamente a 72% na Europa e 74% globalmente)”.
Observando os reformados a nível global, um indicador parece revelar que o rendimento de que dispõem pode não ser suficientemente elástico: é que, mesmo depois da reforma, estas pessoas continuam a investir significativamente, alocando 19% das suas poupanças totais ao investimento. Os números na Europa são similares (18%), embora entre os portugueses a percentagem baixe, com apenas 11% das poupanças orientadas para o investimento. Em contraste, a nível global, aqueles que ainda não estão reformados preveem investir 9% das suas poupanças durante a reforma. No que toca aos Europeus, a percentagem de investimento prevista é de 8%, o mesmo que estão a antecipar os portugueses.
De acordo com Carla Bergareche, “como indica o estudo, talvez porque não tenham poupado o suficiente durante a vida ativa, as pessoas continuam a investir após a reforma. E mesmo nos países nos quais a percentagem de investimento na reforma é mais baixa do que a média, como é o caso de Portugal, os montantes investidos pelos reformados são mais representativos do que o esperado antes da reforma.”