A Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios foi o parceiro principal do primeiro Fórum de Gestão de Ativos da FundsPeople. No seu discurso de abertura, João Pratas falou do caso sueco que pode servir de exemplo para Portugal.
A abertura da primeira edição do Fórum de Gestão de Ativos da FundsPeople ficou a cargo de João Pratas, Presidente da APFIPP. Nas suas palavras iniciais dirigidas a uma plateia de 130 pessoas, o representante da Associação tocou em pontos caros para a instituição, nomeadamente o tema da sustentabilidade da segurança social, e as alternativas de financiamento das pensões de reforma por parte das famílias portuguesas.
João Pratas começou por expressar que “o financiamento típico bancário não vai ser suficiente para fazer face a todas as necessidades”, e, por isso, “é importantíssimo trazer as famílias para o mercado de capitais”. Falando no tema do elevado investimento em depósitos - que mais à frente voltaria a tocar -, João Pratas reforçou aquilo que a indústria de gestão de ativos e de fundos de pensões também pensa, ou seja, que “a mera poupança em depósitos, não é uma boa poupança, pois estes perdem valor face à inflação”.
A reduzida taxa de substituição foi outro ponto assinalado por João Pratas. A taxa que relaciona o último salário com a primeira pensão está a decrescer, como em várias ocasiões o Presidente da APFIPP já teve oportunidade de salientar. “Em Portugal a taxa já andou muito perto dos 100%, e em 2070 está previsto que esteja próxima dos 35%. Isto pode, de facto, ter um impacto muito grande na adequação das pensões que as pessoas terão no futuro”, salientou.
Referiu ainda, que o desenvolvimento do segundo e terceiro pilares das pensões de reforma será por isso algo fundamental. João Pratas salienta que a indústria de gestão de ativos e de fundos de pensões sairá impactada na sua atividade a este nível, mas para as pessoas investirem nesses dois pilares, tendo acesso a maiores retornos e contribuindo para um maior desenvolvimento dos mercados de capitais, terão que existir “grandes incentivos”.
Soluções mais rápidas
Ciente de que o desenvolvimento do segundo e terceiro pilares é importante, mas também muito moroso a trazer as famílias para o mercado de capitais, João Pratas evidenciou o caso sueco e o modelo de contas de investimento, as ISK – Investment Savings Accounts, como sendo uma iniciativa que apelidou de muito interessante para esse efeito.
“Depois de a Suécia realizar uma grande mudança em 2003, em que o seu sistema de pensões de reforma implementou o “auto-enrolment”, a poupança cresceu, mas foi um crescimento relativamente lento”, começou por lembrar. Na sua opinião, há que considerar “soluções mais rápidas para que as pessoas venham para o mercado”.
Precisamente, também na Suécia, apontou, lançaram, em 2012, um modelo de contas de investimento a que associaram simplicidade e um sistema de tributação atrativo. “Mudaram o sistema de tributação de ganhos de mercado. Em vez da habitual tributação sobre mais valias, dividendos, etc. - como existe na maior parte dos países - passaram a tributar o património investido por um valor mais residual. Ou seja, é algo parecido com uma comissão de gestão dos fundos de investimento. Neste momento, o valor praticado estará em 0,08% de tributação do património. Isto fez com que nos últimos anos se tenha registado um crescimento muito significativo das aplicações das famílias nos mercados financeiros. Parece-me uma solução muito interessante e a considerar”, rematou.