Previsão de crescimento do investimento temático para os próximos três anos

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Créditos: Jeremy Bishop (Unsplash)

Prevê-se que o investimento temático, impulsionado pelo desejo dos investidores de terem um impacto positivo, deverá continuar a crescer nos próximos três anos, de acordo com o segundo Estudo sobre Investimento Temático publicado pela BNP Paribas Asset Management com o BNP Paribas CIB (Corporate & Institutional Banking) e em colaboração com a Coalition Greenwich.

Este estudo, que foi publicado pela primeira vez em 2020, contou este ano com a participação de quase 200 investidores institucionais e distribuidores da Europa, Ásia e América do Norte. O seu objetivo é oferecer à comunidade investidora global informação sólida, credível e sistemática sobre as principais tendências do investimento temático.

Principais conclusões

Uma das principais conclusões do estudo é que a procura por estratégias de investimento temático continua, com um notável aumento de 20% na utilização de tais estratégias na Europa desde 2020. 65% dos investidores europeus já utiliza estratégias temáticas, contra 46% no estudo anterior.

Mais de 80% dos investidores está familiarizado ou muito familiarizado com o investimento temático, o que indica que é cada vez mais comum. No total, 8% dos investidores inquiridos não está familiarizado com o investimento temático, percentagem que chega aos 18% nos Estados Unidos. Os fatores que travam os investidores que não utilizam estas estratégias são a preocupação com rentabilidade (49%) e com os custos elevados (41%).

No entanto, a utilização de estratégias temáticas por parte dos investidores asiáticos diminuiu de 54% no estudo de 2020 para 34% atualmente; o interesse por este tipo de estratégias é ainda mais baixo entre os investidores norte-americanos, uma vez que 43% deles não planeia investir nessas estratégias.

Planos de utilização de fundos temáticos

Apesar das diferenças que o panorama mundial reflete, os investidores mostram um claro interesse na oportunidade que o investimento temático oferece. Quando questionados sobre os seus planos para os próximos três anos, 70% dos inquiridos tenciona aumentar a sua atenção nesta área.

O crescimento do investimento temático é impulsionado pela necessidade do investidor de gerar um impacto positivo (70%), mas também pela expectativa de que, ao fazê-lo, pode também melhorar o retorno do seu investimento (63%).

No que diz respeito às áreas de investimento, desde 2020, os temas de sustentabilidade mais interessantes para os investidores passaram de um foco geral nos ODS (32% em 2023 face a 59% em 2020) para um mais focado em temas mais concretos. Em linha com o estudo de 2020, as soluções para as alterações climáticas (56%) e a energia limpa (49%) são as áreas que suscitam mais interesse.

Por outro lado, os investidores também estão a seguir com atenção os temas disruptivos, em concreto a inovação na saúde (60%) e a robótica e inteligência artificial (59%). Embora a saúde continue a ser um dos setores mais inovadores da economia, a inteligência artificial está a tornar-se mais importante, talvez devido à sua natureza cada vez mais omnipresente e poderá tornar-se num dos principais impulsionadores da transformação digital.

Sustentabilidade e rentabilidade impulsionam o crescimento do investimento temático

O principal objetivo na hora de recorrer ao investimento temático é o desejo de gerar um impacto positivo e de contribuir para resultados sustentáveis; o segundo objetivo é melhorar a rentabilidade. 84% dos investidores considera que a utilização do investimento temático tem um impacto positivo na rentabilidade a longo prazo: uma terça parte acredita que tem um impacto positivo na rentabilidade a curto prazo, embora esta proporção tenha diminuído em comparação com os resultados do estudo de 2020.

Os temas de sustentabilidade mais atrativos continuam a ser as energias renováveis (56%) e as soluções para as alterações climáticas (49%). Além disso, 22% dos investidores mostra interesse em soluções de zero emissões líquidas e 23% no tema da água. As questões sociais também são importantes: 20% dos inquiridos está interessado no tema da saúde e bem-estar e 17% na demografia e envelhecimento da população.

No que diz respeito aos temas de inovação e disrupção, a inovação na saúde (60%), a robótica e inteligência artificial (59%) e a biotecnologia (36%) são os mais atrativos. 

Alocação de ativos no investimento temático: a amplitude da oferta é importante

Embora as ações continuem a ser o pilar do investimento temático, os investidores começam também a voltar a sua atenção para outras áreas das suas carteiras. Em particular, as obrigações estão a ganhar terreno: 67% dos inquiridos investe em estratégias de investimento temático de obrigações. Vale a pena assinalar que a maior alocação de ativos em investimento temático na América do Norte corresponde aos mercados privados.

Além disso, os investidores estão divididos no que diz respeito aos índices de referência: 55% aponta para um índice setorial ou temático especializado e 45% para um índice de mercado amplo. Os investidores mantêm uma abordagem predominantemente global na hora de realizar a sua alocação a estratégias temáticas: mais de 70% recorre a ações globais. 

A importância dos fatores normativos

Existem claras diferenças regionais entre os fatores normativos que impulsionam a seleção de estratégias temáticas. Na Europa, a classificação do regulamento SFDR é o fator dominante, enquanto na América do Norte se dá mais importância ao dever fiduciário. Como seria de esperar, o regulamento SFDR é particularmente relevante na Europa. 65% dos inquiridos procura soluções classificadas como Artigo 8º e 60% inclina-se para as de Artigo 9º.                                               

Embora o SFDR seja um regulamento europeu, os investidores asiáticos também o utilizam como referência. Cerca de uma terça parte dos inquiridos citou-o como critério de seleção. As preferências pela MiFID II também são importantes para os investidores europeus (50%) e asiáticos (52%). Na América do Norte, o dever fiduciário é o aspeto regulamentar mais importante para 87% dos inquiridos, seguido dos ratings dos fundos.