Procurar rentabilidade além das classes de ativos tradicionais

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Cedida

O Aberdeen Global Multi Asset é um produto com uma versão de acumulação e uma versão de distribuição. Contudo, ambas as versões partilham uma filosofia de investimento que, tendo em conta o contexto de baixos retornos, procura diversificar a sua carteira através do investimento em diferentes classes de ativos para além das tradicionais. “A nossa visão global é de que muitas das classes de ativos tradicionais oferecem baixas perspetivas de retorno. A boa notícia é que vemos mais oportunidades num conjunto de outras classes de ativos”, começa por dizer Mike Brooks, gestor dos fundos Aberdeen Global Multi Asset Growth e Multi Asset Income.

Assim, o processo de investimento começa pela análise do retorno a médio e longo prazo das diferentes classes de ativos, o que possibilita a decisão relativamente ao universo de investimento mais atrativo. “Utilizamos ainda técnicas de otimização para construir uma carteira o mais diversificada possível, tendo em conta o binómio risco-retorno de cada classe de ativos e a liquidez das classes de ativos subjacentes”, explica o gestor. Na sua opinião, o factor-chave desta estratégia “é a exposição a um conjunto diversificado de ativos”, não estando dependente exclusivamente das ações para obter crescimento e, consequentemente, estando menos suscetível a possíveis correções. “Procuramos gerar uma rentabilidade de ‘cash + 4,5%’, e é algo que temos conseguido alcançar desde o início”, destaca Mike Brooks.

Estratégia de multiativos com uma diversificação não tradicional

“Um portefólio multiativo tradicional teria uma maior exposição a ações, equilibrando o risco através da exposição a obrigações governamentais, o que não se verifica na nossa carteira”, afirma Mike Brooks. Assim, a exposição ao segmento acionista em ambos os fundos é, atualmente, de cerca de 24%, não tendo qualquer exposição a obrigações governamentais. Por outro lado, “cerca de 75% da exposição total está alocada a diferentes tipos de investimento, como obrigações de mercados emergentes, infraestruturas, asset-backed securities, insurance-linked securities ou REITS”, detalha. Como tal, a procura por rentabilidade ultrapassa o horizonte das classes de ativos tradicionais, procurando obtê-la através de investimentos alternativos.

Não obstante, as obrigações de mercados emergentes são a classe de ativos mais preponderante em carteira. E Mike Brooks explica porquê: “As nossas perspetivas são bastante positivas para as obrigações de mercados emergentes, onde temos obtido yields de cerca de 7%, o que consideramos ser uma alternativa atrativa para a construção de um portefólio diversificado”. O investimento em dívida de mercados emergentes, por sua vez, apresenta exposição à divisa local, ainda que o gestor destaque que essa exposição é gerida de forma cautelosa. “Queremos essa exposição porque esta faz parte do prémio de risco subjacente. Contudo, procuramos diluir esse aspecto através da utilização de divisas de economias desenvolvidas, como o dólar australiano, o euro, yen ou a libra esterlina”, ressalva.  

Em termos de investimento alternativo, este destaca o retorno entre os 6% e os 10% oferecido pela área de infraestruturas, “o que é bastante atrativo no ambiente de baixos retornos atual”. Quanto ao investimento em imobiliário, este é feito através de REITS e empresas cotadas na Bolsa de Londres. Gostamos de empresas “que detêm ativos subjacentes, quer sejam infraestruturas ou arrendamento de aeronaves”, acrescenta.

No entanto, a equipa de gestão está sempre disponível para ouvir novas ideias, pelo que o investimento em fontes alternativas de rentabilidade não se cinge apenas às áreas referidas, surgindo de variadas formas. Este é o caso de royalties de cuidados de saúde, uma área de nicho. As pequenas empresas biotecnológicas tendem a desenvolver novos medicamentos ou novas componentes químicas que se tornam uma interessante fonte de royalties durante um longo período de tempo. E é aqui que está a essência deste investimento alternativo: “Os bancos não sabem avaliar o valor total do fluxo de royalties e, como tal, as empresas biotecnológicas não conseguem obter empréstimos. Assim, existem gestores especialistas que compram este fluxo de royalties, e este ano investimos num fundo deste género”, começa por explicar Mike Brooks. Para o gestor, esta é uma área com características de retorno bastante atrativas – cerca de 8% a 10% por ano, mas com drivers diferentes relativamente a outro tipo de classes de ativos. No entanto, “é fulcral olhar para o track  record do gestor, uma vez que dependemos da sua capacidade de avaliação do fluxo de royalties e de previsão da possibilidade de surgimento de uma nova substância que substitua a atual”, destaca o gestor relativamente às características de risco desta área.

Avaliar possíveis situações de risco

Com o intuito de avaliar o comportamento das carteiras em situações de risco, estas são submetidas a testes de stress, um exercício feito em conjunto com os economistas da entidade. Ponderam, assim, que cenários podem tornar-se realidade (um abrandamento económico na China ou uma guerra entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, por exemplo) e de que forma podem estes cenários afetar cada classe de ativos, em específico e como um todo. Feito este exercício, surgem duas questões: “Estamos confortáveis ou ficarão os nossos clientes satisfeitos com o resultado final?” e “De que forma podemos cobrir esse risco na nossa carteira?”. Mas, regra geral, as respostas, para Mike Brooks, são claras. “De uma forma geral, não faz sentido executar algum tipo de cobertura. Acreditamos que a diversificação do nosso portefólio fornece resiliência neste tipo de situações”.