Em Portugal, existiam, à data de análise (junho de 2024), 844 ETF registados. Segundo o relatório European ETF Listing and Distribution 2024 elaborado pela PwC, isto representa um crescimento de 7,4% ou de 58 novos ETF registados desde junho de 2023.
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O mercado europeu de ETF está a demonstrar um dinamismo sem precedentes, apresentando uma taxa de crescimento três vezes superior à dos fundos UCITS tradicionais. Com 26.362 registos transfronteiriços na Europa, os ETF estão a redefinir as estratégias de distribuição na região, segundo o relatório European ETF Listing and Distribution 2024 elaborado pela PwC.
A nível global, mercados emergentes como Israel, Chile e Singapura consolidaram-se como pontos estratégicos. 62% dos ETF são atualmente distribuídos em 14 ou mais países, o que evidencia o seu caráter transnacional e a crescente procura de ferramentas eficientes em termos de custos, especialmente no setor das ações, que representa 73,3% dos ativos sob gestão (AuM).

A análise mostra uma transformação radical do setor entre 2014 e junho de 2024, período em que os AuM dos ETF domiciliados na UE registaram um crescimento anual composto de 20,7%, superando o ritmo de crescimento dos fundos UCITS tradicionais. A análise destaca não só o crescimento do mercado – que evidencia a crescente preferência dos investidores por veículos de investimento de baixo custo, transparentes e de fácil transação – mas também as principais tendências que impulsionam este dinamismo, como a sustentabilidade e as novas regulações europeias.

Mercados consolidados
A PwC revela que a base de distribuição continua a ser a Europa, onde os principais centros financeiros mostram um sólido crescimento. Nos últimos 12 meses até junho de 2024, o Luxemburgo (como mercado de distribuição) apresenta 193 novos registos desde junho de 2023, seguido da Finlândia e da Dinamarca com 191 novos registos e da Espanha com 181 novos registos no período.
Em Portugal, existiam, à data de análise (junho de 2024), 844 ETF registados. Segundo a PwC, isto representa um crescimento de 7,4% ou de 58 novos ETF registados desde junho de 2023. Por outro lado, o número de entidades gestoras a operar no nosso país com ETF ascende a 17, longe dos 30 da nossa vizinha Espanha.
No entanto, a Irlanda é o domicílio com maior volume de AuM e número de registos de ETF transfronteiriços com um total de 18.663 a junho de 2024, com um crescimento composto em cinco anos de 16%, enquanto o Luxemburgo diminui:

Novos horizontes
A expansão para o Médio Oriente encontrou em Israel um mercado estratégico fundamental, com 106 novos registos. O país tornou-se a porta de entrada natural para a região MENA, destacando-se pelo seu quadro regulamentar favorável e pela sua sofisticada base de investidores, o que facilita a penetração em mercados adjacentes.
Na região da Ásia-Pacífico, a Singapura domina a expansão com 29 novos registos, consolidando-se como centro para toda a região asiática. A sua posição privilegiada é sustentada pelo acesso a uma crescente base de investidores institucional e por um quadro regulamentar estável e internacionalmente reconhecido, que facilita a distribuição de produtos financeiros europeus.
Por sua vez, nas Américas, o Chile estabeleceu-se como um ponto de entrada estratégico para o mercado latino-americano, com 16 novos registos. Este país destaca-se pelo seu sistema de pensões altamente desenvolvido e oferece acesso ao crescente mercado de investidores institucionais latino-americanos, apoiado por um quadro regulamentar que favorece a distribuição de ETF europeus.

Esta expansão global é impulsionada por uma série de fatores estratégicos: a procura por novas bases de investidores, a necessidade de diversificação geográfica do risco, as oportunidades emergentes em novos mercados, e a crescente procura por produtos ESG em diferentes regiões.
Sustentabilidade também transforma a indústria
Um dos aspetos mais significativos do relatório da PwC é a integração de critérios de sustentabilidade nos ETF europeus. Atualmente, 36,5% dos ETF transfronteiriços europeus estão classificados ao abrigo dos Artigos 8º e 9º do SFDR, que promovem investimentos sustentáveis. Os fundos Artigo 9º, que representam o padrão mais elevado de sustentabilidade, constituem ainda uma pequena fração do mercado, o que evidencia o potencial de expansão neste segmento.
O principal desafio reside na educação do investidor e na padronização das métricas ESG, uma vez que a falta de critérios homogéneos dificulta a avaliação do impacto real destes investimentos. À medida que a regulamentação europeia evoluiu, espera-se que estas ferramentas não só atraiam mais investidores, como também estabeleçam um padrão global de sustentabilidade financeira.

Perspetivas: inovação e expansão
A tendência para a internacionalização dos ETF europeus continua a acelerar, impulsionada pela procura de novos investidores, pela diversificação do risco geográfico e pela crescente procura de produtos sustentáveis. Segundo a PwC, a combinação de sustentabilidade, regulação e personalização será a chave para o sucesso da indústria nos próximos anos.
Com a crescente popularidade de índices como o S&P 500 e o MSCI World, os emitentes enfrentam o desafio de satisfazer uma procura cada mais sofisticada dos investidores institucionais e de retalho. O relatório conclui que a indústria de ETF europeus continuará a ser um motor essencial de inovação financeira, consolidando a sua posição nos mercados globais.