Findos os primeiros três meses de 2014, a Funds People perguntou aos profissionais nacionais o que se destacou pela positiva no período.
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Páscoa é sinónimo de perdão, mas também de passagem do tempo. Seguindo precisamente este significado simbólico da época festiva que vivemos, e tendo o primeiro trimestre do ano chegado ao fim, a Funds People Portugal foi saber junto dos gestores nacionais quais os acontecimentos que marcaram positivamente os três primeiros meses de 2014.
O bom comportamento da zona euro durante janeiro, fevereiro e março foi a nuance mais assinalada pela maioria dos profissionais. Jorge Guimarães, da Banif Gestão de Activos, destaca então “o desempenho dos activos da Europa periférica, tanto acções como obrigações (dívida pública e de empresas, financeiras e não financeiras)”. Na mesma linha de pensamento, Paulo Monteiro, da Invest Gestão de Activos realça igualmente aquele que foi “o bom desempenho, tanto absoluto como relativo, dos mercados europeus periféricos”, acrescentando também “a excelente performance da dívida pública portuguesa”.
Percepção de risco da zona euro a diminuir
Tanto Diogo Serras Lopes, do Banco Best, como Ricardo Silva, da CA Gest, são unânimes quanto à percepção de risco dos investidores face à zona euro. “A menor percepção de risco em torno dos activos da periferia (acções a liderar os ganhos na Europa e prémios de risco em queda no mercado de taxa fixa)”, é um dos factores positivos assinalados pelo profissional da CA Gest, que diz ainda que “Portugal, em particular, liderou este movimento, reflectindo o apetite por “yield” e a crença generalizada de que o Banco Central Europeu continuará a intervir, se necessário, no sentido de conferir suporte à recuperação económica das economias da periferia”. Já o profissional do Banco Best fala mesmo do “desaparecimento, dos radares dos investidores, do risco sistémico relativamente à zona euro”, e lembra que “os países periféricos, mais afetados pela crise de dívidas soberanas, beneficiaram muitíssimo de uma visão mais otimista, relativamente à saída da crise”.
"Folar especial" para os países do sul da Europa
Numa perspetiva mais alargada, Filipa Teixeira, da Patris Gestão de Activos, reforça que se “assistiu sem dúvida a uma melhoria macroeconómica mundial generalizada, prevendo-se um 2º trimestre significativamente mais forte na continuação do caminho para uma recuperação sustentada”. Para a profissional da Patris GA, também o velho continente tem direito a “um folar especial” neste final de trimestre. “A zona euro ganhou terreno lentamente na saída da recessão, com as economias periféricas a ganharem competitividade face à desvalorização interna significativa que enfrentaram”, diz. A mesma visão é também enunciada pela direção de investimentos da Millennium Gestão de Activos, que indica que “no plano europeu, os primeiros 3 meses do ano ficam marcados pela divulgação de dados macroeconómicos que sustentam a recuperação económica da zona euro, a reboque da Alemanha, cuja vocação exportadora tem dinamizado a indústria doméstica, e por arrasto, as restantes geografias vizinhas”. Como consequência, dizem, “tal permitiu que ao longo do trimestre pudéssemos verificar um sentimento de otimismo em relação aos países da periferia europeia, que se traduziu numa convergência significativa das condições de financiamento dos governos e empresas, culminando com a “saída limpa” da Irlanda do programa de assistência da Troika”.
“A levar amêndoas para casa" aparece também a maior economia do mundo. Filipa Teixeira não deixou esquecido o facto de que a “economia americana continuou a dar sólidos sinais de melhoria, apesar de dados desapontantes no 1º trimestre devido sobretudo ao mau tempo”. A redução dos estímulos no país foi ainda outro factor que a equipa da Millennium Gestão de Activos ressalvou. “Depois de em dezembro do ano passado a Reserva Federal norte-americana ter dado início à redução dos estímulos à economia, o trimestre fica marcado pela continuidade dessa decisão pela sucessora de Ben Bernanke, Janet Yellen, o que pode ser considerado uma boa notícia, pois a decisão é motivada por níveis de desemprego e taxas de crescimento económico que se aproximam dos objetivos ambicionados pela Fed para terminar em definitivo com o programa de estímulos à economia, ainda que ao longo dos primeiros 3 meses do ano as condições climatéricas vividas nos Estados Unidos tenham alterado o normal funcionamento da economia”, assinalam.
Em jeito de aviso, Filipa Teixeira, comentou ainda que “o regresso à normalidade da economia mundial despoletou inevitavelmente o debate deflação versus inflação, sendo a tendência actual bastante deflacionária dados os ajustamentos económicos mundiais pós-crise”.