Quando vão os dividendos voltar aos níveis de antes da crise

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Créditos: Headway (Unsplash)

A crise evidenciada pela COVID-19 provocou uma recessão mundial que ainda que tenha impactado menos do que o previsto nos mercados de valores, teve um grande impacto para os investidores centrados na geração de rendimentos.

Por exemplo, no mercado de obrigações, a prorroga das taxas baixas e medidas acomodatícias dos bancos centrais fizeram cair rentabilidades dos cupões das emissões de obrigações, tanto públicas como privadas. Do lado das ações, o efeito negativo da crise vê-se nos dividendos. Segundo as estimativas da gestora Allianz GI, as empresas do índice de ações MSCI Europe distribuíram menos de 290.000 milhões de euros em 2020 comparado com os 360.000 milhões de euros do ano anterior, o que implica uma queda de 19%.

A pergunta que fazem muitos investidores é: quando serão recuperados os níveis pré-pandemia para os que procuram com um investimento uma geração constante de rendimentos? No caso das obrigações parece que vai demorar a chegar tendo em conta que se espera que esta política atual de taxas a 0% e compras de dívida por parte dos bancos centrais se mantenha por algum tempo. Mas nas ações não será preciso esperar tanto.

Tal como no panorama económico, não esperamos uma recuperação em forma de V para a distribuição de dividendos de 2021, explica Jörg de Vries-Hippen, CIO de ações europeias da Allianz Global Investors.

Recuperar parte (não tudo) o que se perdeu

De facto, segundo o Relatório de Dividendos 2021, que elaborou a gestora, não preveem que se recupere o nível prévio à crise até 2022. Ainda assim, consideram que em 2021 se vai começar a notar a recuperação já que estimam um aumento de 15% dos dividendos até níveis de distribuição de 330.000 milhões de euros.

Pelo menos em média já que insistem que o previsível é ver muitas diferenças por setores. “Há claras diferenças entre os setores. Por exemplo, o setor da saúde e utilities puderam aumentar os seus pagamentos durante a crise e, na nossa opinião, seguramente continuarão este caminho no futuro. Outros setores, por outro lado, tiveram mais problemas em 2020. Por exemplo, é provável que as empresas de bens de consumo e bens industriais possam aumentar os seus pagamentos de dividendos só após uma recuperação económica geral, e setores como o da energia e o dos serviços financeiro possivelmente vão manter-se abaixo dos máximos anteriores”, revelou Vries-Hippen.

Além disso, insistem que apesar de que ainda seja necessário esperar para ver os dinâmicos dividendos que víamos em 2019, estes vão continuar a ter um papel cada vez mais importante nas carteiras. Máxima tendo em conta que muitos cupões de obrigações dão rentabilidades negativas. A este respeito, na gestora recordam que a rentabilidade por dividendo que se vê nos mercados a nível global (em 2020 na Europa foi de 2.75% em média) continua a ser muito atrativa em comparação com as obrigações na maior parte dos mercados, como se vê claramente no gráfico seguinte.

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