Quanto maior a convergência com os ODS, menor o risco de polémicas

ODS
Créditos: Cedida (BCSD Portugal)

As empresas que mais se esforçam para adotar os princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas têm menos probabilidades de se envolverem em futuras polémicas, como casos de corrupção, fraude ou contaminação ambiental. Além disso, as empresas mais sustentáveis estão menos envolvidas em polémicas, e, quando tal ocorre, estas são menos graves e estão relacionadas com um menor número de temas controversos. Estas são as principais conclusões de um estudo fruto da colaboração entre a Universidade de Zurique e a Robeco.

Metodologia

O estudo utiliza o sistema de pontuação ODS da Robeco para medir a convergência das empresas com os ODS. Cada empresa do estudo, em função do impacto que tem na concretização dos ODS, recebe uma pontuação que oscila entre −3 (impacto muito negativo) e +3 (impacto muito positivo).

A investigação conclui que cada ponto adicional de aumento na pontuação dos ODS diminui em dois pontos percentuais a probabilidade de uma empresa estar envolvida numa polémica no ano seguinte. Além disso, a subida de um ponto na escala ODS está associada a uma diminuição de 11% no número de polémicas (o que corresponde a 0,44 polémicas a menos por empresa e por ano). Estes resultados são ainda mais notáveis quando se trata de polémicas muito graves: a cada ponto a mais na escala ODS está associada uma diminuição média de 17% das polémicas graves no ano seguinte.

Implicações setoriais

O estudo também recolhe algumas conclusões setoriais. Nos setores que consomem mais recursos e que são, portanto, menos sustentáveis, como os da exploração petrolífera ou da mineração de carvão, existe uma maior probabilidade de ocorrerem acidentes que podem originar polémicas. Ao mesmo tempo, estes setores atraem muita atenção pública. Este elevado grau de escrutínio aumenta a probabilidade de as empresas se envolverem em polémicas. Os resultados do estudo refletem, em grande medida, a situação das empresas que operam nos setores da energia e dos serviços públicos. A atividade das empresas destes setores, cuja pontuação ODS é baixa, está principalmente relacionada com os combustíveis fósseis, enquanto as empresas com pontuações mais altas estão vinculadas às energias renováveis.

O Dr. Jan Anton van Zanten, estratega de ODS na Robeco, destaca a relevância das descobertas do estudo: “Descobrimos que as empresas mais centradas na contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas têm uma menor probabilidade de estar envolvidas em futuras polémicas. Isto é imperativo para os investidores: as polémicas corporativas afetam negativamente o valor de mercado e costumam ter repercussões sociais e ambientais negativas. Conciliar os investimentos com os ODS permite aos investidores melhorarem os seus objetivos financeiros e de sustentabilidade”.