Quanto tempo dura um bear market numa fase de recessão económica?

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Créditos: Kurt Cotoaga (Unsplash)

A entrada da Alemanha em recessão pôs muitos investidores em alerta. Talvez o caminho iniciado pela primeira economia europeia possa ser o mesmo caminho para o resto da região. Mesmo a atividade nos Estados Unidos pode começar a abrandar como consequência de umas taxas de juro mais elevadas. “Poucos estão a contrair empréstimos a curto prazo às taxas da Fed. Fazem-no às taxas bancárias, que são mais elevadas para países e empresas. Com um crescimento económico de 1,5%, isto não é possível”, recordava Mondher Bettaieb-Loriot numa recente entrevista à FundsPeople.

Na Europa, os dados sugerem que, no final do ano passado, a procura por hipotecas tinha caído 70%, enquanto a de empréstimos ao consumo tinha caído 25%. Isso - comentava o responsável de Obrigações Corporativas na Vontobel AM - no quarto trimestre de 2022. “Tendo em conta esse desfasamento da política monetária em relação à economia real, imaginem o que vai acontecer nos próximos trimestres”, avisa o reputado gestor. São indicadores que o especialista considera muito relevantes, devido à sua elevada correlação com a evolução da atividade económica.

Se não há empréstimos, o consumo diminui. E essa diminuição do consumo vai ser particularmente notória a partir de meados do ano. É nessa altura que vamos começar a ver a inflação a baixar, até de forma acelerada”, prevê. O consenso espera que os Estados Unidos possam entrar no final deste ano, após as fortes subidas de taxas por parte da Reserva Federal na sua tentativa de controlar a inflação. Mas, por agora, os mercados de ações parecem tranquilos. E as ações têm sido, historicamente, um bom indicador que antecipa a recessão.

Tal como indica a Capital Group, tomando como referência dados dos Estados Unidos entre 1950 e 2022, em média, uma recessão económica no outro lado do Atlântico dura 10 meses. O PIB americano diminui, em média, 2,5% e o desemprego aumenta em quase quatro milhões de pessoas. Os lucros empresariais também caem, em média, 29%. O S&P 500, no entanto, tem um comportamento um pouco diferente. Em primeiro lugar, porque antecipa essa recessão com seis meses de antecedência. Ou seja: o mercado começa a cair seis meses antes da contração da atividade.

Em segundo lugar, porque esse bear market que começa dura um pouco mais. Concretamente, 13 meses em média. Por outras palavras: praticamente um ano. Nesse período, o S&P 500 também regista, em média, uma queda de 33%. São períodos relativamente breves no tempo, mas com um impacto forte nos mercados. Sobretudo quando comparado com o que acontece em períodos de crescimento económico. São períodos muito mais duradouros, quer em termos do crescimento do PIB (69 meses em média), quer em termos do comportamento do mercado (67 meses de bull market).