Quarta emissão de dívida sindicada do ano regista elevados níveis de procura

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Markus Spiske, Unsplash

O Estado português voltou aos mercados no dia 1 de julho com a terceira emissão de dívida sindicada do ano. Desta vez foram emitidos quatro mil milhões de euros de dívida a 0,90%, com maturidade a 15 anos. Segundo relata o IGCP, “esta operação beneficiou de uma forte procura por parte dos investidores”, assinalada por um excesso de procura de 41 mil milhões de euros, batendo assim novamente o recorde de procura numa emissão de dívida sindicada português. Tal permitiu ajustar o preço da nova obrigação “a um spread de mid swaps + 88 bps, partindo da área inicial de mid swaps + 92 bps”.

O Estado português consegue com esta emissão completar mais de 69,1% do objetivo bruto de emissões de 29,3 mil milhões de euros, a ser executado em 2020 por esta via e através de leilões. Recorde-se que os montantes das emissões de maio e janeiro foram de cinco e quatro mil milhões, respetivamente. Ainda relativo a maio, o Banco de Portugal publicou recentemente as estatísticas da dívida pública referentes a esse mês, em que noticiam um aumento da mesma em 2,3 mil milhões de euros para os 264,4 mil milhões. “Para este aumento contribuíram essencialmente as emissões de títulos de 2,3 mil milhões de euros efetuadas em maio, principalmente as emissões de longo prazo”, referem.

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Fonte: Banco de Portugal

Interesse do Sul da Europa e fundos de investimento

Em termos da distribuição do montante emitido pelos agentes que participaram na operação, a grande parte ficou nas mãos de fundos de investimento (48,4%), logo seguido de instituições da banca (25,2%) e seguradoras/fundos de pensões (15,7%). Já no que toca à distribuição geográfica, o maior interesse veio da parte de países da Europa, nomeadamente França, Espanha e Itália que ficam com 32,6% do montante emitido, seguido do Reino Unido com 20,4%.

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Fonte: IGCP

Fixed income no horizonte

O papel de título de rendimento fixo como a dívida soberana tem sido muito discutido face à atual crise pandémica e às perspetivas dos desafios económicos que se avizinham. “O mercado obrigacionista continua bem suportado pelos programas de compra de ativos massivos por parte dos principais bancos centrais”, comentava Carlos Pinto da Optimize Investment Partners sobre esta matéria.

Mário Carvalho Fernandes do Banco Carregosa coincide, defendendo que, com vista a combater a incerteza em torno desta conjuntura, a escolha dos investidores “deverá incidir numa carteira diversificada entre componentes de obrigações taxa fixa, rendimento variável, dívida de high yield, dívida emergente, ações globais, imobiliário e matérias-primas, com ponderações ajustadas ao perfil de cada investidor”.

Sobre a dívida pública da periferia, concretamente, João Zorro da GNB Gestão de Ativos afirmava que “os vários programas de compras e os TLTRO deverão continuar a dar o suporte necessário, contrariando o efeito de aumento da oferta de nova dívida para financiar o significativo aumento dos deficits e consequente aumento da dívida pública.”